Furacão atinge costa do México e deixa cidade de Acapulco incomunicável

Fenômeno foi classificado como de categoria 5, maior da escala Saffir-Simpson, após seu centro tocar o solo com rajadas mais fortes do que 260 km/h; não foram registradas mortes até o momento

  • 25/10/2023 14h40
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NOAA / AFP Furacão Otis Imagem de satélite mostra o furacão Otis se aproximando da costa sul do Pacífico do México 

Na terça-feira, 24, a costa sudoeste do México foi atingida pela passagem do poderoso furacão Otis. O fenômeno deixou o porto da cidade de Acapulco, no Pacífico mexicano, incomunicável, com estradas bloqueadas e cortes de energia, o que impediu o governo de determinar a extensão dos danos. “Até agora não temos dados sobre perdas de vidas humanas, mas não há comunicação (…), há danos materiais, estradas quebradas; a própria rodovia que chega a Acapulco tem deslizamentos de terra”, disse o presidente Andrés Manuel López Obrador durante sua habitual coletiva de imprensa matinal.  Segundo relatos de jornalistas, turistas e outras pessoas afetadas, o que poderá ser o furacão mais potente a atingir o Pacífico mexicano desde que há registros, está provocando estrondos devido à fúria do vento, enquanto as chuvas torrenciais inundam edifícios e causam danos consideráveis em Acapulco, uma cidade com cerca de 800 mil habitantes no estado de Guerrero.

Em menos de 24 horas, o Otis passou de tempestade tropical a furacão de categoria 5, a mais alta destes fenômenos naturais, dirigindo-se para a costa de Guerrero e afetando zonas densamente povoadas, o que alertou as autoridades municipais, estaduais e federais. As principais zonas de risco do furacão, cujas piores consequências poderão chegar nas próximas horas, além de Acapulco, são Coyuca de Benítez e San Marcos, segundo a conta do Serviço Meteorológico do México na rede social X (ex-Twitter). São esperadas chuvas pontuais extraordinárias (mais de 250 litros por metro quadrado) nas regiões de Guerrero e chuvas fortes (75 a 150 litros) em Oaxaca, segundo os últimos dados atualizados da autoridade meteorológica. Está previsto um aumento da probabilidade de pancadas de chuva (5 a 25 litros por metro quadrado) e de chuvas pontuais fortes (25 a 50 litros) no Estado do México, Michoacán, Morelos, Puebla e Tlaxcala.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, lançou uma mensagem nas redes sociais apelando a toda a população para que tome precauções devido ao furacão.

“O Plano DN-III-E e o Plano Marina estão em andamento em coordenação com o governo estadual. Aceitem se deslocar para abrigos, permanecer em locais seguros: longe de rios, riachos, barrancos e fiquem alerta, sem excesso de confiança. Nós também estamos vigilantes”, comunicou. A Proteção Civil do México pediu o reforço das medidas de segurança que devem ser levadas em conta durante a passagem de furacões e fenômenos naturais semelhantes.

De acordo com os dados mais recentes, o furacão estava localizado 40 quilômetros a norte-noroeste de Acapulco e 110 km a sul-sudeste de San Miguel Totolapan, ambos em Guerrero, com ventos máximos sustentados de 215 km/h, rajadas de 260 km/h e deslocamento para norte-noroeste a 17 km/h. Quanto às rajadas de vento, a intensidade subiu para 215 a 260 km/h, além de ondas de 8 a 10 metros ao longo da costa de Guerrero e a oeste de Oaxaca, bem como condições para a formação de trombas de água ao longo da costa de Guerrero. O Serviço Meteorológico Nacional (SMN) da Comissão Nacional da Água (Conagua), em coordenação com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, mantém uma zona de alerta de furacões desde Punta Maldonado até o oeste de Zihuatanejo, em Guerrero. A precipitação pode ocorrer com descargas elétricas e gerar deslizamentos de terra, aumento do nível dos rios, transbordamentos e inundações em zonas dos estados mencionados, motivos pelos quais é pedido à população para que preste atenção aos avisos do SMN, do Conagua, e siga as recomendações das autoridades. EFEO presidente acrescentou que seu governo trabalha para restabelecer a comunicação na zona afetada, enquanto um comboio com ajuda humanitária, liderado pelos ministros da Defesa, Marinha, Segurança e Comunicações, partiu para o porto por via terrestre, devido à impossibilidade de se chegar por avião. “O urgente é atender a população afetada. Ainda não temos a avaliação dos danos, porque não há comunicação”, disse a coordenadora nacional da Defesa Civil, Laura Velázquez, ao canal Milenio.  A funcionária insistiu em que, por enquanto, é impossível informar o número de mortos, ou feridos.  “O setor naval e o setor de Sedena (Defesa) também foram gravemente afetados”, acrescentou Vázquez, que também viaja no comboio. O sul do México foi atingido por “ventos fortes” e “chuvas intensas” que podem provocar inundações e deslizamentos de terra, acrescentou o NHC.

A estatal de energia elétrica CFE informou que conseguiu restabelecer o fornecimento a 40% dos mais de 504 mil usuários afetados no estado, a maioria deles em Acapulco. Usuários das redes sociais e mídias locais compartilharam vídeos do momento em que palmeiras, árvores e mobílias urbanas foram atingidas pelo vento e pela chuva. Alguns deles registravam lojas danificadas, janelas destruídas pela força do vento e turistas que colocaram camas e colchões como proteção às janelas dos hotéis, enquanto outros se abrigavam nos banheiros. O furacão perderá força rapidamente em seu deslocamento pela zona montanhosa do estado de Guerrero (sul) e pode se dissipar ainda nesta quarta-feira, 25. O fenômeno ganhou uma força inesperada em poucas horas, pois ao meio-dia de terça-feira, 24 ainda era uma tempestade tropical, o que pegou de surpresa as autoridades e os moradores dos estados afetados, em particular Guerrero.”Poucas vezes, segundo os registros, um furacão se desenvolve tão rápido e com tanta força”, observou López Obrador.

Em Acapulco, muitos moradores compraram água e alimentos de última hora, enquanto empresas e residências protegiam suas janelas, cobrindo-as com madeira, ou com fita adesiva em forma de X. O porto registra uma ocupação hoteleira de 50%, afirmaram representantes do setor, que pediram aos turistas que permaneçam em seus hotéis. O governo habilitou mais de 500 abrigos para moradores que vivem em áreas de risco. Este destino turístico é caracterizado por um relevo acidentado, com áreas planas e pelo menos três morros onde estão localizadas inúmeras residências, vulneráveis a potenciais deslizamentos de terra. Nas áreas próximas à costa de Guerrero também há muitas comunidades consideradas de alto risco diante dos fenômenos naturais, por sua precariedade e por estarem localizadas em montanhas. O governo local suspendeu as aulas e adiou a apresentação do relatório anual de gestão. Em 9 de outubro de 1997, Acapulco foi atingida pelo furacão Paulina, que tocou o solo como um furacão de categoria 4, deixando mais de 200 mortos, um dos mais letais da história do México.

*Com informações das agências EFE e AFP

 

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