G7 faz apelo por pausa humanitária em Gaza, destaca direito de Israel se defender e ignora cessar-fogo

Ministros das Relações Exteriores das sete nações mais industrializadas do planeta se reuniram no Japão para discutir a guerra no Oriente Médio e reafirmar apoio à Ucrânia

  • Por Jovem Pan
  • 08/11/2023 11h04 - Atualizado em 08/11/2023 13h02
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EFE/EPA/Eugene Hoshiko / POOL EPA-EFE/Eugene Hoshiko / POOL encontro g7 Representantes dos países do G7 posam para uma sessão de fotos em grupo durante a Reunião dos Ministros das Relações Exteriores

Os ministros das Relações Exteriores do G7 fizeram um apelo nesta quarta-feira, 8, por uma pausa humanitária na Faixa de Gaza para facilitar a criação de um corredor seguro que permita a entrada imediata de ajuda. Eles também pedem que seja feito tudo o que fosse possível para evitar uma escalada e a expansão do conflito israel-palestino, porém, descartaram um cessar-fogo na região que a 33 dias é constantemente bombardeada por Israel em retaliação ao ataque sofrido em 7 de outubro. “Apoiamos pausas humanitárias e corredores para facilitar a assistência urgentemente necessária, a movimentação de civis e a liberação de reféns”, acrescenta o documento. Segundo Yoko Kamikawa, ministra das Relações Exteriores do Japão, os ministros exigiram uma “libertação imediata dos reféns”, pediram respeito pelas leis internacionais e se comprometeram a “envolver-se” na busca por “uma solução de firmeza e estabilidade em Gaza para alcançar uma paz firme”. “Ressaltamos a necessidade de adotar medidas urgentes para enfrentar a proteção da crise humanitária em Gaza. Todas as partes devem permitir a ajuda humanitária sem obstáculos aos civis, incluindo alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigo, e acesso aos trabalhadores humanitários”, destaca a declaração conjunta.

O G7 condenou os “ataques terroristas” do Hamas e “outros grupos”, disse a ministra japonesa. Kamikawa destacou em entrevista coletiva que “pela primeira vez os membros do G7 adotam uma mensagem comum sobre a situação atual” em Israel e na Palestina, a qual ressalta “a importância de um passo humanitário” e de continuar um processo de paz em que “a solução dos dois Estados é a única opção viável”. O texto também destaca o “direito de Israel a defender-se e a seu povo, com base na lei internacional, para evitar a repetição” de ataques como o executado pelo Hamas em território israelense em 7 de outubro. Contudo, não ficou claro se os membros do G7 chegaram a um consenso sobre as deliberações , dadas as diferentes visões entre os seus membros no que se refere ao direito israelense de se defender ou o aumento de vítimas civis em Gaza.

ofensiva terrestre

Em declarações à imprensa após a reunião, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu a Israel que não volte a ocupar o território palestino, do qual os israelenses saíram de modo unilateral em 2005. Blinken disse que não deve acontecer “nenhuma reocupação de Gaza após o conflito”. Na segunda, 6, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o fornecimento de combustíveis para Gaza não será retomado e que nenhum cessar-fogo será anunciado antes que os mais de 240 reféns sequestrados pelo Hamas sejam libertados. Ele também afirmou que Israel assumirá “a responsabilidade geral pela segurança” em Gaza após a guerra e que poderia permitir eventuais “pausas táticas” para a libertação dos reféns e entrada de ajuda ao território.  Os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza já deixaram 10.300 mortos, incluindo milhares de menores de idade, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, território governado pelo Hamas.

Apoio à Ucrânia 

Os chefes da diplomacia das sete nações mais industrializadas do planeta (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) também destacaram, após a reunião de dois dias no Japão, que o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia “nunca hesitará”, ao mesmo tempo que pediram à China para não apoiar Moscou no conflito. Ao comentar a guerra no Leste Europeu, o G7 reiterou que o “firme compromisso de apoiar a luta da Ucrânia por sua independência, soberania e integridade territorial nunca hesitará”. “Apelamos ainda à China para não ajudar a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia, para pressionar a Rússia a interromper sua agressão militar e a apoiar uma paz justa e duradoura na Ucrânia”, acrescenta a nota. Os ministros também afirmaram que “saúdam a participação da China no processo de paz liderado pela Ucrânia”.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, discursou na reunião do G7 por videoconferência. O chanceler japonês, Yoko Kamikawa, disse que “mesmo com o aumento das tensões no Médio Oriente, é importante que o G7 esteja unido para enviar uma mensagem clara à comunidade internacional de que o nosso compromisso firme de apoiar a Ucrânia nunca hesitará”. Após 20 meses de guerra e com a contraofensiva de Kiev tentando avançar na frente de batalha, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se reúne com frequência com líderes ocidentais para tentar dissipar o efeito fadiga do conflito. A chefe de diplomacia da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que os países do G7 trabalham para ajudar a Ucrânia pelo segundo inverno (hemisfério norte, verão no Brasil) consecutivo, ante a previsão de novos russos contra as instalações do setor de energia.

*Com agências internacionais 

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