Governador de Nova York renuncia em meio a escândalo de assédio sexual

Sem citar impeachment diretamente, Andrew Cuomo afirmou que deixará cargo para evitar processos que gastem tempo e dinheiro que poderiam ser voltados ao combate da Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 10/08/2021 13h21 - Atualizado em 10/08/2021 16h00
JUSTIN LANE/ EFE governador de nova york, andrew cuomo, durante discurso Cuomo afirmou que vai renunciar ao cargo

O governador de Nova York, democrata Andrew Cuomo, afirmou nesta terça-feira, 10, que vai renunciar ao cargo em meio a um escândalo de assédio sexual cometido contra funcionárias do próprio gabinete e outras mulheres ao longo de anos. Ele deve ser substituído pela vice-governadora do país, Kathy Hochul, em um processo de transição que durará duas semanas. A decisão foi anunciada exatamente uma semana após uma investigação liderada pela procuradora-geral do estado apontar que ele assediou sexualmente onze mulheres, incluindo funcionárias do governo, em um processo que ouviu 179 pessoas ao longo de cinco meses. “Especificamente, a investigação descobriu que o governador Andrew Cuomo assediou sexualmente funcionárias atuais e antigas do Estado de Nova York com toques sem consentimento e vários comentários ofensivos de cunho sexual”, afirmou Letitia James, titular do órgão que reconheceu os assédios.

Em pronunciamento aos moradores do estado publicado nas redes sociais, Cuomo afirmou que “há diferença entre conduta inapropriada e assédio sexual”, mas reconheceu que agiu de forma errada com as funcionárias e pediu desculpas a elas afirmando que achava que teria sido “amigável” e “legal” em ocasiões. Ele não aceitou, porém, o posicionamento da procuradoria do estado sobre os assédios. “Meus advogados analisaram os relatórios da procuradoria por dias e já apontaram uma série de problemas e falhas neles que deveriam preocupar todos os nova-iorquinos”, afirmou. Essa pode ser uma manobra do democrata para evitar a abertura de um processo de impeachment contra ele. “Tomo total responsabilidade pelas minhas ações, meu senso de humor pode ser insensível. Eu realmente abraço e beijo pessoas casualmente, homens e mulheres, eu fiz isso ao longo da minha vida, é quem eu sempre fui desde que me entendo por gente. Na minha mente, eu nunca tinha ‘passado da linha’ com ninguém”, declarou.

O democrata criticou as redes sociais por se tornarem uma “praça” de discussão sobre política e lamentou a forma como os “ventos da política” sopram atualmente. “Eu sou um lutador e o meu único instinto é lutar contra essa controvérsia, porque eu acredito que isso é sobre política. Isso é sobre política e o nosso sistema político hoje em dia está muitas vezes dividido por extremos”, afirmou. Ele considerou os momentos atuais como os mais difíceis para se governar em toda uma geração e disse que processos para tirá-lo do poder e investigá-lo enquanto governador custariam tempo e dinheiro do estado que poderiam ser voltados para lutar contra a Covid-19 e para evitar o avanço da variante Delta. “Eu amo Nova York e eu amo vocês. Tudo o que eu sempre fiz foi motivado por esse amor. A melhor forma de ajudar nesse momento é se eu renunciar e deixar o governo voltar a governar. E é isso que vou fazer, porque eu trabalho para vocês e fazer a coisa certa é fazer a coisa certa para vocês. Não é sobre ‘eu’, é sobre ‘nós'”, pontuou. Ele teceu elogios à vice-governadora, disse que o processo de mudança não deve ser sentido pelos norte-americanos e se emocionou ao citar as filhas de 26 e 23 anos. “Meu maior objetivo é que elas tenham uma vida melhor do que as mulheres que vieram antes delas”, ressaltou, voltando a afirmar que nunca desrespeitaria uma mulher ou a trataria diferente de forma intencional.

 

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