Jornal dos EUA publica matéria com denúncias envolvendo filho de Joe Biden

A reportagem do ‘The New York Post’, publicada nesta quarta-feira, alega que Hunter Biden poderia ter usado a influência da família para fechar negócios com empresas de energia da Ucrânia e da China

  • Por Bárbara Ligero
  • 15/10/2020 12h22 - Atualizado em 15/10/2020 12h48
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REUTERS/Jonathan Ernst Troca de e-mails teria acontecido quando Joe Biden era vice do ex-presidente Barack Obama

Nesta quarta-feira (14), o jornal norte-americano The New York Post publicou uma reportagem que faz afirmações polêmicas sobre Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden. Em destaque no site do veículo de comunicação, a manchete afirma: “e-mails revelam como Hunter Biden apresentou um empresário ucraniano ao pai vice-presidente”.

O texto dá ênfase a uma troca de e-mails entre Hunter Biden e Vadym Pozharskyi, alto executivo da empresa de energia ucraniana Burisma – que em 2014 contratou Hunter com um salário de US$ 50 mil mensais, segundo o The New York Post. No mesmo ano, Pozharskyi teria enviado uma mensagem para Hunter perguntando como ele poderia usar a sua influência a favor da companhia. Em 2015, outra mensagem comprovaria que Hunter apresentou o seu pai, que na época era vice do ex-presidente Barack Obama, ao ucraniano.

Dois meses depois desse suposto encontro, Joe Biden pressionou o então presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, a demitir o procurador-geral Vitor Shokin, sob a ameaça de reter uma garantia de empréstimo de US$ 1 bilhão. Esses acontecimentos foram confirmados pelo próprio Joe para o Conselho de Relações Exteriores em 2018. Na ocasião, ele afirmou que os Estados Unidos quiseram essa demissão por preocupações com a corrupção, que eram inclusive compartilhadas pela União Europeia. Vitor Shokin, por sua vez, afirmou suspeitar que a sua remoção do cargo estava relacionada com a empresa de energia Burisma e todos os membros de seu conselho executivo, incluindo Hunter Biden.

O jornal norte-americano explica que essas informações foram obtidas através de uma loja de concerto de computadores em Delaware, que recuperou os dados de um notebook deixado ali em abril de 2019. Segundo o dono do estabelecimento, a pessoa que trouxe o MacBook Pro nunca pegou o aparelho de volta. Ele não confirmou se o cliente em questão era de fato Hunter Biden, mas afirmou que o computador possuía um adesivo da Fundação Beau Biden, assim batizada em homenagem a um falecido filho de Joe Biden.

O dono da loja de concertos eletrônicos alertou agentes federais sobre os dados encontrados no notebook, cujo disco rígido foi apreendido pelo FBI em dezembro de 2019. Na matéria, o The New York Post exibe fotos da intimação federal que comprovariam essa apreensão. No entanto, o proprietário manteve consigo uma cópia do drive e a entregou ao ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que repassou as informações para o jornal no último domingo (11). A denúncia da existência desse material, porém, teria vindo de Steve Bannon, antigo conselheiro do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O The New York Post afirma que também foi encontrado um vídeo de 12 minutos em que Hunter Biden aparecendo fumando crak e fazendo sexo, além de outras imagens de sexo explícito. Esse conteúdo não foi divulgado. O filho do candidato à presidência dos Estados Unidos já admitiu ter problemas com dependência de drogas no passado.

Facebook e Twitter restringem divulgação da matéria

Horas após a matéria ter sido publicada pelo jornal norte-americano The New York Post, o Facebook e o Twitter restringiram a sua divulgação. O Facebook reduziu a frequência com que a matéria aparece nos feeds  e em outros locais da sua plataforma, enquanto o Twitter proibiu os seus  usuários de publicar o link para a reportagem. Através do seu perfil oficial Twitter, o porta-voz do Facebook, Andy Stone, afirmou: “Isso faz parte do nosso procedimento padrão para reduzir a disseminação de informações incorretas. Reduzimos temporariamente a distribuição pendente de revisão do verificador de fatos”.

Já a conta oficial @TwitterSafety fez uma série de postagens explicando a decisão da empresa de bloquear a reportagem. O Twitter alega que o artigo do The New York Post exibe informações pessoais privadas, como endereços de e-mail e números de telefone, o que viola as regras da rede social. Além disso, os posts explicam que o uso do Twitter para distribuição de conteúdo obtido sem autorização também é proibido pelo regulamento.

Mais denúncias

Nesta quinta-feira (15), o The New York Post publicou uma nova reportagem com denúncias envolvendo Hunter Biden. Dessa vez, o jornal norte-americano afirmou que o filho do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos buscou fazer negócios com a maior empresa privada de energia da China, a CEFC China Energy, dizendo que isso seria “interessante para ele e sua família”. O e-mail que denúncia esses fatos teria sido enviado em 13 de maio de 2017. Em outra mensagem, de 2 de agosto de 2017, ficaria comprovado que Hunter fechou um acordo com o presidente da empresa por metade de uma holding, que forneceria a ele US$ 10 milhões ao ano “apenas pelas apresentações”.

Essas informações teriam sido obtidas pelo jornal norte-americano da mesma forma que as anteriores, envolvendo a empresa de energia ucraniana Burisma. Até o momento, o Facebook e o Twitter ainda não restringiram a publicação da nova reportagem. Não se sabe se o The New York Post pretende continuar publicando denúncias sobre Hunter Biden nos próximos dias e tampouco como isso impactará as eleições de novembro. No momento, Joe Biden está liderando as pesquisas eleitorais à frente do republicano Donald Trump, sendo que milhões de cidadãos já anteciparam seus votos pelo correio.

A conta oficial no Twitter utilizada pela campanha eleitoral de Trump publicou um vídeo resumindo as acusações contra Hunter Biden. Em menos de uma hora, a postagem teve mais de 4 mil compartilhamentos e mais de 5 mil curtidas.

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