Kamala Harris apresenta ‘alegações finais’ em comício e acusa Trump de querer ‘poder sem controle’

‘É hora de virar a página’, disse nesta terça-feira (29) a candidata democrata à Casa Branca no lugar onde o republicano reuniu simpatizantes quando era presidente antes que atacassem o Capitólio em 6/1/2021

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2024 20h46 - Atualizado em 29/10/2024 22h54
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Brendan SMIALOWSKI / AFP Kamala Harris comicio 29 out 2024 Kamala Harris discursa no The Ellipse, ao sul da Casa Branca em Washington, nesta terça-feira (29)

Kamala Harris apela nesta terça-feira (29) aos norte-americanos para que virem a página e recuperem o otimismo, no local onde Donald Trump discursou a seus apoiadores antes do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A vice-presidente e candidata presidencial democrata pronuncia suas “alegações finais” atuando como uma procuradora, sua antiga profissão, e o público como júri.

Durante seu discurso, Kamala acusou Trump de querer “poder sem controle”. Donald Trump é “instável”, está “obcecado com a vingança, consumido pelo ressentimento e em busca de um poder sem controle”, acusou Kamala Harris em discurso solene perante milhares de pessoas em Washington. “É hora de virar a página”, afirmou a democrata.

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Ao sul da cerca da Casa Branca, na Elipse, o parque onde se coloca a tradicional árvore de Natal, Kamala destacou que seu rival é “alguém totalmente absorvido por seu infinito desejo de vingança” que não está interessado “nas necessidades do povo americano”. A polícia de Washington prevê a presença de cerca de 50.000 pessoas.

“Nós sabemos quem é Donald Trump. Ele é a pessoa que esteve neste mesmo lugar há quase quatro anos atrás e mandou uma multidão armada ao Capitólio dos EUA para reverter a vontade do povo em uma eleição livre e justa. Uma eleição que ele sabe que perdeu. Americanos morreram como resultado desse ataque”, disse.

Em meio às duras críticas ao adversário, Kamala enfatizou sua própria visão de união nacional. “Diferente de Donald Trump, eu não acredito que pessoas que discordam de mim sejam inimigas. Ele quer colocá-las na prisão. Eu lhes darei um lugar à mesa”, afirmou.

Kamala também atacou as propostas econômicas de Trump, apontando o impacto que um novo pacote de cortes de impostos para bilionários teria sobre a classe média americana. Ela descreveu a iniciativa como um “imposto sobre a classe média”, alegando que o custo disso recairia diretamente sobre as famílias, que, segundo Kamala, veriam seus gastos anuais aumentarem em cerca de US$ 4 mil.

O discurso de Kamala atraiu uma grande multidão a Washington, com parte do público se espalhando até o Monumento a Washington, no National Mall. Sua campanha espera que o cenário ajude a captar a atenção dos eleitores dos estados decisivos, especialmente os indecisos.

Em uma aparente tentativa de se conectar com americanos insatisfeitos com o governo Biden, Kamala se posicionou como representante de uma “nova geração” de liderança. “Minha presidência será diferente porque os desafios que enfrentamos são diferentes. Nossa principal prioridade como nação há quatro anos era acabar com a pandemia e resgatar a economia. Agora, nosso maior desafio é reduzir os custos, custos que estavam subindo durante a pandemia e que ainda estão altos”, disse.

Outro ponto crucial foi a promessa de Kamala de restaurar o direito ao aborto em todo o país, uma questão central para sua campanha. Criticando a Suprema Corte moldada por Trump, Kamala afirmou que o ex-presidente pretende não só banir o aborto nacionalmente, mas também restringir o acesso a métodos contraceptivos e monitorar a gravidez das mulheres. Ela classificou essa postura como “imoral” e garantiu que, se eleita, lutará para garantir a liberdade reprodutiva das americanas.

Kamala também enfatizou temas de segurança nacional e fortalecimento das alianças internacionais. Ela afirmou que Trump demonstra “desprezo pelos heróis da nação” e se rende facilmente a líderes autoritários como Vladimir Putin e Kim Jong-un. Kamala prometeu um compromisso firme com a segurança dos americanos e com a defesa da “liberdade ao redor do mundo”, postura que, segundo ela, Trump é incapaz de sustentar.

‘Festival do Amor’ 

Aquela que pode se tornar a primeira mulher negra presidente dos Estados Unidos enfatizou as “duas abordagens diferentes” para o país, e também disse que Trump está focado em sua “lista de inimigos” e ela, em uma “lista de tarefas”. Quando entrou na campanha após a desistência do presidente Joe Biden, a vice-presidente acelerou, permitindo que o partido levantasse o ânimo e assumisse a dianteira nas pesquisas nacionais. Porém, com o passar das semanas, a vantagem caiu.

Agora os dois estão nivelados nas pesquisas, com um empate técnico nos sete estados-chave que decidirão o resultado das eleições, nas quais mais de 50 milhões de pessoas já votaram antecipadamente. Trump fará um comício à noite em Allentown, na Pensilvânia, talvez o mais importante desses estados decisivos.

A Pensilvânia conta com meio milhão de porto-riquenhos, furiosos com os republicanos desde que, no domingo, um humorista os insultou no comício de Trump em Nova York. “Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento, acho que se chama Porto Rico”, declarou o comediante Tony Hinchcliffe durante sua participação no evento.

A equipe de campanha do magnata republicano tentou se distanciar do humorista, mas, nesta terça-feira, Trump chamou o comício de “festival do amor”. “Os políticos que fazem isso há muito tempo – 30, 40 anos – disseram que nunca houve um ato tão bonito. Foi como um festival do amor, um absoluto festival do amor, e foi uma honra para mim participar”, afirmou o ex-presidente em um ato de campanha em sua mansão na Flórida.

‘Salvar os Estados Unidos’ 

Em um discurso mais uma vez marcado por uma feroz retórica anti-inimigração, Trump prometeu “lutar como um louco nos próximos sete dias”. “Vamos salvar os Estados Unidos, não temos outra opção”, disse, e acusou sua adversária de contar “mentiras” e proferir “calúnias […] muito vergonhosas e realmente imperdoáveis”.

Trump está na defensiva devido às acusações de seu ex-chefe de gabinete na Casa Branca, que afirma que ele se encaixa na definição de fascista e que no passado elogiou Adolf Hitler. “Eu não sou um nazista”, defendeu-se Trump na segunda-feira em um comício. O medo de que o caos de quatro anos atrás se repita e Trump volte a se recusar a aceitar o resultado em caso de derrota pesa muito sobre essas eleições.

O republicano fez nesta terça-feira (29) sua primeira alegação infundada de fraude eleitoral, ao afirmar, sem provas, que houve irregularidades na Pensilvânia. “‘Coisas’ realmente ruins. O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA PENSILVÂNIA???”, postou ele na rede social X.

Steve Bannon, ex-assessor de Trump que foi preso por se negar a depor diante do Congresso sobre o ataque ao Capitólio, foi libertado nesta terça. Muita coisa mudou na política desde que esse influente podcaster de direita foi preso em 1º de julho. Trump sobreviveu a duas tentativas de assassinato, enquanto Kamala substituiu Biden na corrida à Casa Branca.

A vice-presidente prometeu que os Estados Unidos “não voltarão” à era Trump. Kamala terá o apoio da rainha do pop, Jennifer Lopez, e da banda mexicana Maná, em um comício, na quinta-feira, em Las Vegas. O evento será dirigido a latinos e jovens, dois eleitorados que podem fazer a diferença em uma disputa tão acirrada.

*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira

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