Maduro pede fim das diferenças políticas na Venezuela pelo diálogo
O grupo de oposição liderado por Juan Guaidó não participou das eleições legislativas por acreditar que serão marcadas por fraude
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, votou neste domingo, 6, nas eleições legislativas do país, e pediu para que a população busque acabar com as diferenças políticas e ideológicas através do diálogo. “A verdade de cada um”, explicou o chefe de governo, deve estar no centro do debate, mas de maneira respeitosa. Em uma longa entrevista concedida aos jornalistas que cobriam o voto dele, Maduro apelou às “instituições republicanas” como a única maneira de escolher os representantes, “de acordo com a Constituição e com o voto do povo”.
“Hoje nasce uma nova Assembleia Nacional”, em referência à casa legislativa em que teve derrota eleitoral em dezembro 2015, quando a maioria das cadeiras ficou com a oposição. Maduro, inclusive, classificou a atual composição da AN como “nefasta”, tendo levado à Venezuela “crueldade, dor e sofrimento”, por “trazer o flagelo das sanções”, em referências às medidas aplicadas pelos Estados Unidos contra o país que governa. O presidente, inclusive, pediu que a população venezuelana tenha paciência e resista, garantindo que hoje será sendo “feito justiça”, contra os oposicionistas.
Maduro afirmou estar de acordo com sugestão de José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo da Espanha, de que seja instalada uma grande mesa de diálogo com todos os partidos políticos do país sul-americano. O mandatário venezuelano garantiu que o convite será válido para as legendas que participaram do pleito de hoje, mas também para as que não conseguiram indicar candidatos, além de todos os setores econômicos e sociais da Venezuela, em prol de uma “agenda nacional”.
O grupo de oposição liderado por Juan Guaidó, entre outras formações, não participaram das eleições legislativas, por acreditarem que serão marcadas por fraude. Entretanto, os partidos políticos mais importantes farão parte do pleito, depois de intervenção do Supremo Tribunal de Justiça, que colocou ex-militantes que foram expulsos e acusados de corrupção pelos antigos colegas à frente das legendas.
Na mesa de negociações, Maduro prometeu discutir a “agenda de recuperação econômica, para reativar toda a indústria do país, para reativar a produção nacional, para reativar o comércio internacional e a entrada de recursos em moeda estrangeira no país, e também para reativar uma agenda político-eleitoral”. O presidente garantiu que o grupo será formado depois da posse da nova Assembleia Nacional.
Maduro garantiu que, com o novo parlamento, “nasce uma nova era na Venezuela”, e que seria dado à população o direito de iniciar um processo que classificou como “verdadeiramente democrático”, algo que estava fazendo com que ele votasse “emocionado”. O presidente ainda destacou o “milagre” feito pelos técnicos do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que conseguiram montar as urnas eletrônicas após um incêndio em um depósito ocorrido de janeiro, que disse ter se tratado de um crime. “Fizeram um atentado com bombas e botaram fogo em todas as máquinas”, disparou, sem dar detalhes ou apresentar evidências para as acusações.
*Com EFE
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