Megarrebelião no Equador: detentos mantêm 57 guardas reféns em seis presídios

Carros-bomba explodiram em Quito após operações policiais na quarta; envolvidos em ataque foram presos ‘pelo crime de terrorismo’

  • Por Jovem Pan
  • 01/09/2023 11h43 - Atualizado em 01/09/2023 12h20
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Rodrigo BUENDIA / AFP Megarrebelião no equador Policiais equatorianos protegem presidiários do Centro de Detenção para Adolescentes Infratores Virgilio Guerrero após tentativa de motim, no norte de Quito, em 31 de agosto de 2023

Dez pessoas foram presas no Equador após explosões de carros em Quito, ocorridas na quinta-feira, 31, e que abalou a capital. Seis dos detidos foram condenados a prisão preventiva dos envolvidos “pelo crime de terrorismo”. Essa onda de violência desencadeou uma megarrebelião. Detentos de seis presídios do Equador mantiveram 57 guardas penitenciários e policiais retidos em protesto contra operações de segurança da força policial nas prisões, informou a entidade reguladora das penitenciárias (Snai). Ao todo, eram sete policiais e 50 agentes penitenciários. “Este incidente seria uma resposta dos grupos criminosos às intervenções da força policial nos centros penitenciários do país, cujo propósito é a apreensão de objetos proibidos que são usados em atos violentos”, informou o Snai. Ainda não se sabe se todos os reféns já foram liberados. Na imprensa local, alguns relatam que sim, outros, contudo, falam que apenas 20 teriam sido liberados.

O ministro do Interior, Juan Zapata, havia declarado que todos os guardas estavam retidos na prisão de Cuenca, onde os detentos protestam desde quarta-feira devido à pressão policial. Os atentados com carros-bomba e três ataques com granadas começaram na noite de quarta-feira em uma área comercial do norte de Quito e não deixaram vítimas. São uma nova demonstração do poder do crime organizado em um país que até pouco tempo atrás era um oásis de paz entre Colômbia e Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína. Centenas de soldados e policiais realizaram uma operação de busca por armas, munições e explosivos em uma prisão na cidade andina de Latacunga, no sul do Equador, uma das principais do país e cenário de frequentes massacres entre detentos que causaram mais de 430 mortes desde 2021.

Na rede social X, antigo Twitter, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, falou sobre o ocorrido. “As medidas que tomamos, especialmente no sistema prisional, têm gerado reações violentas de organizações criminosas que procuram intimidar o Estado. Mas estamos firmes e não vamos voltar atrás no objetivo de capturar criminosos perigosos, desmantelar quadrilhas criminosas e pacificar as prisões do país”, escreveu. “No combate ao crime organizado precisamos do trabalho de todo o Estado, mas enfatizo o sistema de justiça. Peço aos juízes que atuem com rapidez e muito rigor”, acrescentou. As hipóteses sobre os reféns têm mudado ao longo do dia. Inicialmente, o órgão estatal responsável pelas prisões (Snai) afirmou que se tratava de uma retaliação pela “intervenção” das forças de segurança. Posteriormente, as autoridades indicaram que a retenção é um protesto contra a transferência de detentos para outras prisões. “Estamos preocupados pela segurança de nossos funcionários”, disse Zapata durante uma coletiva de imprensa em Quito.

De acordo com o Snai, “Uma série de ações estão sendo tomadas para recolocar a ordem no sistema penitenciário” com o apoio de militares e policiais. Gangues ligadas ao tráfico de drogas travam uma guerra pelo poder e usam as prisões como centros de operações. Diante dos confrontos violentos entre as organizações aliadas a cartéis mexicanos e colombianos nas prisões, o presidente Guillermo Lasso decretou em 24 de julho o estado de exceção em todo o sistema penitenciário por 60 dias, o que permite a presença militar nas prisões. As prisões no país têm sido palco de massacres cometidos por gangues rivais com ligações aos cartéis colombianos e mexicanos.

*Com agências internacionais 

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