México tem protestos violentos em Dia Internacional da Mulher polêmico

Manifestações foram marcadas por destruição de muro que protegia o Palácio Nacional, recusa em retirar candidatura de político acusado de estupro e agressões a jornalistas

  • Por Jovem Pan
  • 09/03/2021 11h29 - Atualizado em 09/03/2021 11h31
EFE/Sáshenka Gutiérrez Protesto pelo Dia Internacional da Mulher na Cidade do México A barreira de ferro erguida para proteger o Palácio Nacional recebeu homenagens às vítimas do feminicídio e foi parcialmente destruído

Durante protestos pelo Dia Internacional da Mulher, manifestantes derrubaram uma parte do muro de metal que tinha sido instalado temporariamente para proteger o Palácio Nacional do México, residência do presidente Andrés Manuel López Obrador. A infraestrutura na Praça da Constituição, na Cidade do México, tinha gerado controvérsia no país pelo seu simbolismo diante das manifestações feministas. A barreira de metal, que foi criticada como sendo um símbolo de repressão, também acabou ganhando flores e grafites em homenagem às vítimas do feminicídio. Durante a segunda-feira, 8, cerca de 1.700 policiais mulheres foram designadas para acompanhar o protesto. As agentes acabaram usando spray de pimenta para conter as manifestantes que começaram a se aglomerar em torno do muro derrubado.

Os protestos na capital mexicana também estavam sendo motivados pelo descontentamento em torno do partido do presidente Andrés Manuel López Obrador, que se recusou a cancelar a candidatura de Félix Salgado Macedonio ao cargo de governador do estado de Guerrero. O político está sendo acusado de ter estuprado uma menor de idade em 1998 e abusado de uma jornalista em 2016, mas fez um post em suas redes sociais nesta sexta-feira, 5, elogiando a luta feminina. A publicação recebeu milhares de mensagens de repúdio, já que deputadas do mesmo partido afirmam que o Macedonio enfrenta também outras cinco acusações de crimes sexuais graves contra mulheres. Enquanto isso, o presidente exigiu o fim da “campanha de linchamento” contra o candidato.

Também na Cidade do México, quatro fotojornalistas que cobriam as manifestações pelo Dia Internacional da Mulher foram agredidas e retidas pela polícia. Os incidentes ocorreram dentro da estação de metrô Hidalgo, no centro da capital, quando as jornalistas acompanhavam um protesto de mulheres que pintaram as instalações. De acordo com o relato de Sáshenka Gutiérrez, da agência EFE, dezenas de policiais “começaram a agredir companheiras fotógrafas” e tentaram prendê-las embora tenham se identificado como sendo da imprensa o tempo todo. “Não nos deixavam sair, fecharam o acesso do metrô, nos agrediram de novo, nos puxaram pelo cabelo e ignoraram o fato de que éramos imprensa. Eles queriam tirar as nossas câmeras”, completou. Ao tomar conhecimento do que aconteceu, a Secretaria de Segurança Pública da Cidade do México esclareceu nas redes sociais que “as mulheres não estão sendo retidas” e que está “investigando os fatos”.

Estima-se que dez mulheres são mortas todos os dias no México, que registrou 967 feminicídios, 16.545 crimes de estupro e mais de 260 mil chamadas de emergência relacionadas com a violência contra a mulher. Além disso, o México  é um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa devido aos ataques das autoridades e do crime organizado. Em 2020, pelo menos oito jornalistas foram assassinados por exercerem seu trabalho, de acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras.

*Com informações da EFE

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