Damares Alves: ‘Lockdown trouxe como legado o aumento da violência doméstica’
Segundo a ministra, houve subnotificação principalmente de casos envolvendo crianças; em 2020, o Brasil registrou uma denúncia de violência contra a mulher a cada cinco minutos
No Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, comentou sobre o aumento da violência doméstica — incluindo contra mulheres, pessoas com deficiência, idosos e crianças — causado pelo agravamento do lockdown. Em 2020, o Brasil registrou uma denúncia de violência contra a mulher a cada cinco minutos. No total, foram 105.821 ocorrências, de acordo com os dados da pasta. “O isolamento social imposto realmente aumentou a violência, e isso aconteceu em todos os países do mundo. Eu não vou justificar a violência, mas as pessoas estão ficando trancadas dentro de casa e tensas, e a gente está trancando agressor e vítima dentro do mesmo lugar, sem permitir que a vítima saia de casa para fazer uma ocorrência policial. Nesses toques de recolher, uma mulher vítima de violência vai poder correr para a rua pedir socorro, pegar seu carro e dirigir até uma delegacia? Esses isolamentos contribuíram muito. Como a mulher dentro de casa vai ligar, o agressor vai ouvir a voz dela. Tivemos aumento e subnotificação da violência”, disse Damares em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.
A ministra observou, ainda, que o maior denunciante da violência contra crianças é a escola, que não está podendo fazer esse trabalho no momento por causa do fechamento das instituições de ensino devido ao aumento dos casos da Covid-19. “Isso nos preocupa muito, a subnotificação, principalmente em relação as crianças. Quando todas elas [crianças] voltarem para a escola, é possível que a gente tenha uma avalanche de denúncias e de processos, inquéritos e boletins de ocorrência. O lockdown trouxe isso como fatura, como legado: a violência doméstica cresceu muito”, destacou.
Operação Resguardo
Damares comemorou, também, os resultados da Operação Resguardo, que começou no dia 1º de janeiro de 2021 e foi encerrada nesta segunda-feira, 8. Foram feitas 51.243 denúncias, cumpridas 61.729 medidas protetivas, com mais de 188.693 mil vítimas atendidas, 1.356 armas apreendidas e cerca de 77.360 visitas/diligências realizadas pelas polícias civis. No total, foram mais de 10.235 prisões. “Nunca houve isso no Brasil em uma única operação. Só hoje foram presos 1.548 agressores de mulheres. É inédita no Brasil, e estamos buscando até o final do dia fazer a maior operação policial do mundo em defesa da mulher”, afirmou.
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