Mulheres são proibidas pelo Talibã de frequentar universidades no Afeganistão
Ordem é válida por tempo indeterminado; essa é mais uma das regras impostas pelo grupo extremista desde que chegou ao poder em agosto de 2021
O Talibã proibiu nesta terça-feira, 20, por um período indeterminado, as mulheres de frequentar a universidade no Afeganistão. “Recomenda-se que implementem a ordem de suspender a educação das mulheres até novo aviso”, indica a carta publicada pelo ministro Neda Mohammad Nadeem. A proibição de acesso ao ensino superior chega menos de três meses depois que milhares de mulheres realizaram as provas de acesso à universidade, uma espécie de vestibular, em todo o país. Desde que o grupo fundamentalista islâmico recuperou o controle do Afeganistão em agosto do ano passado, as universidades se viram obrigadas a implementar novas regras, entre elas a segregação por gênero nas salas de aula e nas entradas dos edifícios. Além disso, as estudantes apenas podiam ter aulas com docentes mulheres ou homens idosos. A maioria das adolescentes de todo o país já havia sido proibida de frequentar o ensino médio, o que limita seriamente suas chances de ter acesso à universidade. Quando 15 de agosto de 2021, quando o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o grupo extremista tinha prometido que moderação e amplos direitos às mulheres. Porém, pouco tempo depois, eles voltaram atrás e proibiram meninas de receber educação formal além da sexta séries e escolas foram fechadas. Além da falta de acesso à educação, eles obrigaram as mulheres a utilizarem véus cobrindo rosto.
A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a decisão do Talibã de restringir o acesso das mulheres às universidades. “É outro movimento muito, muito perturbador e é difícil imaginar como um país pode se desenvolver e enfrentar todos os problemas que tem sem a participação ativa das mulheres e sem educação para as mulheres”, disse o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, quando questionado durante sua entrevista coletiva diária. Dujarric enfatizou que essa é mais uma das promessas quebradas pelo Talibã, que repetidamente garantiu à comunidade internacional sua intenção de respeitar os direitos das mulheres. “Desde que assumiu o poder, nos últimos meses, assistimos a uma redução do espaço das mulheres, não só na educação, mas também no acesso aos lugares públicos e à sua exclusão do debate público”, recordou a porta-voz. O anúncio do Talibã ocorreu no momento em que o Conselho de Segurança da ONU estava reunido para discutir a situação no Afeganistão.
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