Não há evidência de que mercado em Wuhan foi epicentro da pandemia, diz OMS

Especialistas apontam a possibilidade de que coronavírus tenha circulado em outros lugares antes de chegar até a China

  • Por Jovem Pan
  • 09/02/2021 11h04 - Atualizado em 09/02/2021 14h21
  • BlueSky
EFE/EPA/WHO HANDOUT Bancada de diretores da OMS Missão entre a OMS e a China busca mapear a origem do coronavírus

A equipe de especialistas internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira, 9, que não há evidências de que Wuhan, na China, tenha sido o epicentro da pandemia do coronavírus. Os representantes da missão entre a OMS e a China revelaram as descobertas após duas semanas de trabalho em campo mapeando a origem do vírus. De acordo com agências internacionais, o professor Liang Wannian, chefe do painel de especialistas em Covid-19 na Comissão Nacional de Saúde da China, disse que testes extensivos de amostras médicas e farmacêuticas determinaram que é “improvável que qualquer transmissão significativa estivesse ocorrendo em Wuhan entre outubro e dezembro”. Wannian se concentrou nas descobertas que apoiam a sugestão de que o vírus tenha circulado em outros lugares antes de chegar até a Wuhan, já que não há evidência da existência do vírus na cidade antes de dezembro de 2019.

A equipe trabalhou com quatro possibilidades sobre a introdução do coronavírus em humanos. Na coletiva, os especialistas descartaram a teoria de que o vírus vazou do laboratório em Wuhan. Segundo Peter Ben Embarek, chefe da missão da OMS, a teoria é “extremamente improvável”. Embarek disse que entrevistou funcionários e examinou os processos de auditoria de saúde quando visitaram o Instituto de Virologia de Wuhan. “É muito improvável que algo pudesse escapar daquele lugar”, afirmou. O trabalho para identificar as origens do coronavírus apontou para um “reservatório natural”. Uma das hipóteses é a da transmissão direta de um animal para um humano. Os especialistas afirmam que essa hipótese exigirá mais estudos e pesquisas mais específicas e direcionadas.

O caminho mais aceito é que, por meio de uma espécie intermediária, o vírus pode ter “se adaptado, circulado e então saltado para humanos”. Inicialmente, o levantamento apontou para animais como morcegos e pangolins, mas os vírus identificados nessas espécies eram “insuficientemente semelhantes para serem identificados como progenitores de SARS-CoV-2”, disse o professor Liang Wannian. Até o momento, martas e gatos são candidatos em potencial pela sua suscetibilidade à Covid-19. A última possibilidade é de que o vírus tenha sido transmitido por meio de alimentos congelados vendidos no mercado da cidade. Wannian afirmou que é necessária uma maior investigação sobre o “possível papel da cadeia de frio e produtos congelados na introdução do vírus à distância”. “Sabemos que o vírus pode persistir e sobreviver em condições encontradas nesses ambientes frios e congelados, mas não entendemos realmente se o vírus pode ser transmitido aos humanos e em que condições isso pode acontecer.”

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.