No México, pais de 43 jovens desaparecidos em 2014 anunciam novas buscas independentes

Familiares não estão contentes com o empenho do governo nas buscas e acreditam em envolvimento das políticas militar e federal no caso

  • Por Jovem Pan
  • 27/04/2021 00h28
EFE/ Carlos Ramírez pais de 43 jovens desaparecidos no méxico fazem protesto Pais se uniram e protestaram nesta segunda-feira, 26, na Cidade do México

Os pais dos 43 estudantes de Ayotzinapa, no México, desaparecidos em 2014 anunciaram nesta segunda-feira, 26, que, dada a falta de progresso na investigação sobre o paradeiro de seus filhos, realizarão uma jornada de busca de 19 a 23 de maio no estado de Guerrero. Além disso, eles informaram que no dia 26 de maio, quando completarão 80 meses do desaparecimento dos jovens, eles irão às ruas de Iguala, em Guerrero, para se manifestar. O mesmo acontecerá na Cidade do México, onde conduzirão uma marcha do Anjo da Independência até o Hemiciclo a Juarez. “A vontade política do atual governo mexicano é clara, mas isso não é suficiente. Desde março até hoje, estamos na mesma situação, e a investigação e a busca não apresentam avanços e não temos resultados”, declarou o advogado dos pais, Vidulfo Rosales, em um protesto nesta segunda no centro da capital mexicana. Ele lembrou que no México, de acordo com números do governo, há mais de 85 mil desaparecidos e por isso mantêm a reclamação por justiça para saber onde estão os 43 jovens desaparecidos em 26 e 27 de setembro de 2014.

Dados os poucos avanços, o advogado informou que no dia 8 de maio eles se reunirão com diferentes organizações na Escola Normal Rural de Ayotzinapa para professores, para discutir a questão dos 43 jovens e dos milhares de desaparecidos no país. Mais tarde, de 19 a 23 desse mês, as famílias dos estudantes realizarão buscas nas cidades de Guerrero com recursos próprios, mesmo sabendo os riscos da pandemia. “Não pode haver mais espera ou reuniões. É por isso que sairemos para realizar estas ações, além de exigir a apresentação viva ou saber o paradeiro dos estudantes”, destacou Rosales. Em seu discurso, o porta-voz dos pais, Melitón Ortega, disse que foram até agora 79 meses de dor, de raiva, de impotência, de coragem, e até hoje não foi possível obter o resultado desejado, que é encontrar os 43 estudantes.

Familiares acreditam no envolvimento das polícias militar e federal

Segundo a versão oficial do governo do então presidente Enrique Peña Nieto, os 43 estudantes de Ayotzinapa foram presos em Iguala na noite de 26 de setembro de 2014 pela polícia local, que os entregou ao cartel Guerreros Unidos, que os queimou em um depósito de lixo. O relato, conhecido como a “verdade histórica”, foi contestado por membros das famílias e especialistas independentes, que apontaram que os corpos não poderiam ter sido queimados no local. Eles acusam um envolvimento das polícias militar e federal no caso. O atual presidente, Andrés Manuel Lopez Obrador, que em 2018 ordenou o reinício das investigações, anunciou em 26 de setembro de 2020, seis anos após o desaparecimento, que havia mandados de prisão contra policiais. Em novembro, o primeiro membro do exército ligado ao que teria acontecido naquela noite foi preso, o capitão José Martínez Crespo, acusado de crime organizado.

*Com informações da EFE

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