Número de mortes associadas à onda de frio nos EUA sobe para 69
Mortes estão sendo causadas por intoxicação por monóxido de carbono, acidentes de carro, afogamentos, incêndios em casas e hipotermia
O número de pessoas que tiveram a morte relacionada à onda de frio que afeta os Estados Unidos subiu no sábado, 20, para 69. As tempestades de neve atingem uma área que se estende do Texas, no sul do país até o Estado de Ohio, na região norte. Pelo caminho, as temperaturas congelantes deixam um rastro de sofrimento. Os americanos estão morrendo de intoxicação por monóxido de carbono, acidentes de carro, afogamentos, incêndios em casas e hipotermia. Na cidade de Conroe, que fica 60 quilômetros ao norte de Houston, Cristian Pineda, de 11 anos, filho de imigrantes hondurenhos, foi encontrado morto na cama pela mãe, María Elisa. A família vive em um trailer, ficou sem energia elétrica e aquecimento em razão da tempestade. No condado de Galveston, na costa do Golfo do México, outras duas pessoas morreram como Cristian, de hipotermia, e uma outra por intoxicação por monóxido de carbono.
Durante a semana, no auge da onda de frio, cerca de 4 milhões de texanos ficaram sem energia no momento em que as temperaturas despencavam. Cerca de 165 mil ainda permanecem sem eletricidade e milhões estivessem sem água corrente – a falta de energia interrompeu o tratamento de água e, em muitos lugares, o frio estourou as tubulações. A crise no Texas foi exacerbada pela pobreza, pelo desespero e, em alguns casos, pela falta de hábito com o frio. Em apenas três dias, hospitais do Estado registraram mais de 700 internações relacionadas à intoxicação por monóxido de carbono. Thayer Smith, chefe do Corpo de Bombeiros de Austin, disse que a exposição tóxica, na maioria dos casos, é provocada por pessoas que queimam carvão dentro de casa.
Vacinação
O frio também prejudicou o ritmo da vacinação em todo o país. Na sexta-feira, 19, a Casa Branca disse que a entrega de 6 milhões de doses foi suspensa em razão da temperatura, o que afetou todos os estados americanos. Em muitos casos, a tempestade mata de maneira indireta, já que muitos hospitais sofrem com cortes de energia e escassez de água, tornando difícil o atendimento aos pacientes. Em Abilene, cidade no centro do Texas, autoridades locais disseram que um homem morreu no Hendrick Medical Center porque não conseguiu fazer uma diálise. Cande Flores, chefe dos bombeiros da cidade, disse que o fornecimento de água do hospital havia sido interrompido.
Flores disse que quatro pessoas morreram em Abilene, incluindo um sem-teto que morreu de frio, um homem de 60 anos, que morreu em casa também de hipotermia, e uma mulher de 86 anos, que foi encontrada congelada pela filha no quintal. Em Houston, uma imigrante da Etiópia, morreu dentro do próprio carro, que estava estacionado em sua garagem. Sem energia em casa, Etenesh Mersha havia sentado dentro do automóvel para se aquecer e carregar o celular. Ela conversava com uma amiga quando passou mal. “Ela tentou beber água”, disse Negash Desta, a amiga. “Depois, disse que não podia mais falar, e não tive mais resposta.”
A polícia de Houston foi acionada e, ao chegar ao local, encontrou a família inteira intoxicada. “Quando eles entraram, descobriram que a mãe (Etenesh) e a filha estavam mortas. O filho e o pai estavam vivos, mas inconscientes”, disse Desta, acrescentando que o carro ainda estava ligado. A filha, Rakeb Shalemu, tinha 7 anos. O marido de Etenesh já recebeu alta do hospital, mas o filho Beimnet Shalemu, de 8 anos, está na UTI. Especialistas disseram que esta é a massa de ar mais fria dos últimos 30 anos nos EUA. Cientistas acreditam que a onda de frio seja um fenômeno ligado ao aquecimento global, que enfraquece a capacidade do vórtice polar de reter as massas de ar frio. Cada vez mais frequentemente, os ventos gelados “escapam” e se espalham por regiões localizadas ao sul da área polar, causando distorções na temperatura.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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