OMS libera primeira vacina contra a malária para uso amplo em crianças na África

Decisão da organização foi considerada ‘histórica’; estudo aplicou o imunizante em 800.000 crianças em Gana, Quênia e Malaui

  • Por Jovem Pan
  • 06/10/2021 14h46
Divulgação/Portal Biologia Imagem de perto de um mosquito transmissor da malária em cima do corpo de uma pessoa A malária matou cerca de 409 mil em todo o mundo em 2019, segundo dados da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta quarta-feira, 6, o uso amplo da primeira vacina aprovada contra a malária em crianças africanas. Em 2019, 229 milhões de novos casos da doença foram notificados no mundo e mais de 409 mil óbitos foram registrados pela OMS. Por esse motivo, a decisão de aprovar uma vacina contra a malária foi considerada “histórica”. “Comecei minha carreira como pesquisador da malária e ansiava pelo dia em que teríamos uma vacina eficaz contra essa doença milenar e terrível. E hoje é esse dia, um dia histórico. Hoje, a OMS está recomendando o amplo uso da primeira vacina contra a malária do mundo”, disse o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom.

A malária é causada por parasitas do gênero Plasmodium, que são transmitidos às pessoas pela picada de mosquitos fêmeas de espécies conhecidas como “vetores da malária”. A nova vacina RTS, S, também conhecida como Mosquirix, desenvolvida pela empresa farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK), estimula o sistema imunológico de uma criança a impedir a entrada do Plasmodium Falciparum, o mais mortal dos cinco patógenos e o mais prevalente na África. Os testes do imunizante foram realizados com mais de 800.000 crianças em Gana, Quênia e Malaui desde o início do programa piloto, em 2019. A vacina é administrada em três doses entre as idades de 5 e 17 meses, e uma quarta dose aproximadamente 18 meses depois do primeiro esquema vacinal.

A Mosquirix tem eficácia limitada: preveniu apenas 39% dos casos de malária e 29% dos casos graves da doença em crianças pequenas ao longo dos quatro anos de testes. No entanto, em agosto, um estudo realizado pela London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) apontou que a associação da vacina com medicamentos antimaláricos diminuiu as hospitalizações e mortes em 70%. Adhanom defendeu que o uso deste imunizante pode salvar dezenas de milhares de menores de idade em um ano. “É segura. Reduz significativamente a malária grave com risco de morte e estimamos que seja altamente rentável.” A GSK se comprometer a fornecer até 15 milhões de doses por ano e com um valor de no máximo 5% acima do custo da produção.

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