Onipresente, Emmanuel Macron está entre a crise na Ucrânia e a reeleição francesa

Com a influente Angela Merkel longe dos holofotes desde dezembro, o presidente francês também é visto como a voz de uma Europa que foi deixada de lado nos primeiros contatos EUA-Rússia sobre a Ucrânia

  • Por Jovem Pan
  • 05/02/2022 15h07
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EFE/ Tatyana Zenkovich Emmanuel Macron Emmanuel Macron é visto como a voz da Europa no confronto que envolve a Ucrânia

Dois meses antes da eleição presidencial, os esforços do presidente francês Emmanuel Macron convergem para resolver a crise internacional envolvendo a Ucrânia, uma mediação que pode influenciar sua tão esperada candidatura à reeleição. Chefe de Estado da França, país que ocupa a presidência temporária do Conselho da União Europeia (UE), candidato não declarado às eleições presidenciais de abril e mediador internacional, Macron multiplicou suas funções nas últimas semanas.

“Ele é alguém que gosta de correr riscos, sem sempre tomar as precauções necessárias”, diz Michel Duclos, ex-embaixador francês e conselheiro especial do instituto de pesquisa Institute Montaigne. A mediação na Ucrânia não é a primeira. O presidente liberal, de 44 anos, já esteve no centro da crise em 2017 na Líbia, em 2019 pelo programa nuclear do Irã ou em 2020, no Líbano, embora seu forte envolvimento tenha sido em vão.

Com a influente Angela Merkel longe dos holofotes desde que deixou o poder na Alemanha em dezembro, Macron também é visto como a voz de uma Europa que foi deixada de lado nos primeiros contatos EUARússia sobre a Ucrânia. “A Rússia não quer falar com a UE. A nova coalizão na Alemanha ainda não está resolvida. Então Macron é a voz da Europa no diálogo com [Vladimir] Putin“, resume Tatiana Kastouéva-Jean, do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).

Emmanuel Macron, que havia adiantado que sua entrada na campanha seria depois de superar o pico de infecções pela omicron, ainda adiou esta semana “aquele importante momento democrático” devido à “crise ucraniana” que “ameaça a segurança coletiva”, disse ele ao La Voix du Nord. “Ao manter sua aura presidencial, ele evita se rebaixar ao nível dos candidatos”, diz Gaspard Estrada, especialista em eleições da Sciences Po, o que para ele é contrário ao conservador Nicolas Sarkozy que em 2012 teve que concorrer mais cedo do que o esperado, os números são favoráveis a Macron. As últimas pesquisas de opinião dão a Macron 24% das intenções de voto no primeiro turno, seguido pela extrema-direita Marine Le Pen e pela candidata de direita Valérie Pécresse, cerca de 7 ou 8 pontos atrás. Se a eleição fosse hoje, ele venceria.

“Para Macron, tem mais vantagens do que desvantagens manter essa situação em que ele não é oficialmente candidato, mas faz campanha há meses”, diz o especialista da Sciences Po, Gaspard Estrada, citando promessas para idosos, médicos ou jovens. O anúncio esperado não tardará. Dependendo do seu ambiente, isso pode acontecer em meados de fevereiro, a tempo de registrar sua candidatura antes do prazo de 4 de março. A primeira rodada está marcada para 10 de abril e a votação em 24 de abril.

*Com AFP

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