ONU alerta para ‘conflagração catastrófica’ do Sudão: ‘Precisamos tirar o país da beira do abismo’

Secretário-geral, Antonio Guterres, disse que há riscos do conflito ‘envolver toda a região e além’; desde dia 15 de abril, foram registrados 420 mortos e mais de 3.700 feridos

  • Por Jovem Pan
  • 24/04/2023 12h35
AFP conflito no sudão Exército sudanês cumprimenta soldados leais ao chefe do exército Abdel Fattah al-Burhan, na cidade de Port Sudan, no Mar Vermelho, em 16 de abril de 2023. Combatentes em combate no Sudão disseram que concordaram com uma pausa humanitária de uma hora, incluindo para evacuar feridos, no segundo dia de intensas batalhas urbanas que mataram mais de 50 civis, incluindo três funcionários da ONU, provocando protestos internacionais

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou nesta segunda-feira, 24, para o risco de uma “conflagração catastrófica dentro do Sudão que pode envolver toda a região e além”. “A violência deve parar. Todos devemos fazer tudo ao nosso alcance para tirar o Sudão da beira do abismo”, disse em um discurso perante o Conselho de Segurança, reunido a pedido da Rússia, em uma sessão dedicada ao multilateralismo. O líder também exortou “todos os membros do Conselho a exercerem máxima pressão sobre as partes para acabar com a violência, restabelecer a ordem e regressar ao caminho da transição democrática”. Desde o dia 15 de abril, o país africano, que possui cerca de 45 milhões de habitantes,  está imerso em uma espiral de violência devido à luta entre as forças de dois generais no poder, o exército do general Abdel Fatah al Burhan, governante de fato do Sudão desde o golpe de 2021, e seu rival, o general Mohamed Hamdane Daglo, líder das Forças de Apoio Rápido (FAR). O conflito já deixou mais de 420 mortos e mais de 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de condenar “com firmeza” o bombardeio indiscriminado em áreas civis e centros de saúde, Guterres pediu às partes em conflito que acabem com os combates em áreas densamente povoadas e permitam o trabalho humanitário.

Depois de condenar “com firmeza” o bombardeio indiscriminado em áreas civis e centros de saúde, Guterres pediu às partes em conflito que acabem com os combates em áreas densamente povoadas e permitam o trabalho humanitário. Na quinta-feira passada, 20, Guterres pediu aos dois generais que declarassem um cessar-fogo “de pelo menos três dias” por ocasião da celebração do Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã, mês sagrado do jejum muçulmano, mas os combates continuaram.  Os civis devem ter acesso a alimentos, água e outros produtos básicos e deixar as zonas de combate, afirmou, depois de lembrar que a ONU e as organizações humanitárias com as quais trabalha estão “reconfigurando” a sua presença no país para continuar “levando ajuda aos sudaneses”. “Deixe-me ser claro: a ONU não está deixando o Sudão. Nosso compromisso é com os sudaneses” nestes “tempos terríveis”, embora tenha especificado que autorizou a transferência temporária dentro e fora do país de “alguns” funcionários da ONU e suas famílias.

*Com informações da AFP

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