Padres da Alemanha desafiam proibição do Vaticano ao abençoar união do mesmo sexo

O movimento, que já conta com a participação de 100 padres, está acontecendo não só nas grandes cidades do país como também nas zonas rurais

  • Por Jovem Pan
  • 10/05/2021 16h24 - Atualizado em 10/05/2021 20h42
Reprodução Twitter Lurwus Igrejas da Alemanha fazem cerimônias de bênçãos de casais do mesmo sexo Igrejas da cidade de Bottrop, no noroeste da Alemanha, exibem bandeira do orgulho LGBTQIA+

Um movimento que já conta com a participação de 100 padres está abençoando a união de casais do mesmo sexo ao longo dessa semana na Alemanha. A atitude representa uma desobediência ao Vaticano, que em março reiterou, em um comunicado assinado pelo Papa Francisco, que casais homoafetivos não podem se casar e tampouco ter as suas uniões abençoadas pela Igreja Católica. A decisão foi divulgada depois que mais de dois mil padres, teólogos e outros membros da religião da Alemanha e da Áustria tinham assinado uma petição a favor da bênção de casais do mesmo sexo. Agora, cidades como Berlim, Munique e Colônia, além de outras regiões rurais da Alemanha, voltaram a desafiar o Vaticano com a iniciativa batizada de “Liebe Gewinnt“, que significa “Amor Vence” em alemão. Em entrevista à agência de notícias Reuters, o padre Christian Olding, que faz parte do movimento, justificou que a Igreja Católica está perdendo o contato com a “realidade viva” das pessoas LGBT+.

“Se dissermos que Deus é amor, não posso dizer às pessoas que abraçam a lealdade, a unidade e a responsabilidade umas com as outras que o amor delas não é amor, que é um amor de quinta ou sexta classe. Estou ansioso pela bênção. Teremos todas as formas de relacionamento: casamentos heterossexuais clássicos, casais divorciados e recasados, casais não casados e, sim, também casais do mesmo sexo. Teremos toda a diversidade do amor”, afirmou. O presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Georg Batzing, disse que a iniciativa desses padres “não é um sinal útil ou um caminho a seguir” porque as liturgias da bênção “não são um instrumento adequado para manifestações eclesiais ou atos de protesto”. No entanto, ele reconheceu que existe a necessidade de uma “reavaliação das uniões homossexuais e um maior desenvolvimento da moralidade sexual da Igreja”. O parecer de Batzing foi divulgado pela agência de notícias da sede da Igreja Católica, o Vatican News. 

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