Países são acusados de usar sistema de espionagem contra jornalistas, empresários e políticos
Investigação internacional analisou lista com milhares de ‘potenciais alvos’ para espionagem; países como Hungria e México podem estar entre contratantes
Uma investigação feita em conjunto por 17 organizações de mídia internacionais divulgou nesta segunda-feira, 19, que o sistema de espionagem israelense Pegasus foi utilizado por pessoas de 10 países diferentes para investigar milhares de jornalistas, empresários e até mesmo chefes de Estado em mais de 40 países desde o ano de 2016. Uma lista de 50 mil números que poderiam ter sido alvos da espionagem foi analisada pelos jornais. Entre eles estavam os telefones de mais de 180 repórteres de empresas como CNN, New York Times, El País, Al Jazeera, Reuters, The Economist e Associated Press. Um dos nomes que mais chamou atenção dos investigadores foi o do jornalista mexicano Cecilio Pineda, que cobria casos de corrupção e crimes no país latino e foi assassinado no ano de 2017. A lista também inclui ativistas dos direitos humanos e 600 políticos.
A reportagem pontua que não é possível ter certeza de que todos os 50 mil números foram invadidos, mas uma perícia realizada pela Anistia Internacional no celular de jornalistas detectou que pelo menos 12 repórteres tiveram os celulares espionados pelo malware, que permite que pessoas que contrataram o serviço acessem imagens, e-mails, mensagens e até mesmo escutem chamadas telefônicas, podendo ativar câmeras e microfones à distância. Uma análise com 67 celulares suspeitos de ataques mostrou que 23 deles foram invadidos e 14 sofreram tentativas de invasão. Outros 30 tiveram testagem inconclusiva. Os nomes dos clientes do NSO Group, empresa responsável pela administração do sistema de espionagem, não foram descobertos na lista, mas a localização deles mostra contratantes do Azerbaijão, Arábia Saudita, Bahrein, Cazaquistão, Emirados Árabes, Hungria, Índia, Marrocos, México e Ruanda.
O nome da Hungria, membro da União Europeia, na lista de possíveis contratantes do serviço causou uma crise nacional. Pouco após a divulgação da reportagem, uma reunião de emergência com membros do parlamento nacional foi convocada para discutir o possível envolvimento do governo em ações de espionagem. Em dois comunicados diferentes enviados ao consórcio de veículos, a NSO negou que tivesse uma lista de potenciais alvos e afirmou que as histórias divulgadas pelo conglomerado de mídia são repletas de “premissas erradas” e “teorias não corroboradas”. Eles pontuaram que usam o sistema para fazer investigações anti-terrorismo e disseram que examinam minuciosamente as agências governamentais para as quais prestam serviço. Alguns jornais internacionais já avisaram que prestariam denúncias formais contra a empresa.
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