Papa defende unidade contra lógica de ‘blocos opostos’ e fala em condenação dos violentos
Pontífice está fazendo uma viagem inédita ao Behrein e condenou o fanatismo religioso em um momento em que denunciam a repressão política e discriminações contra a comunidade xiita
O papa Francisco defendeu, nesta sexta-feira, 4, durante o segundo dia de uma visita inédita ao Behrein, a unidade contra a lógica de “blocos opostos” entre Oriente e Ocidente. “Poderosos se concentram em uma luta decidida por interesses particulares, desenterrando linguagens obsoletas, redefinindo zonas de influência e blocos opostos”, lamentou o papa argentino. De acordo com o pontífice, esta lógica se expressa primeiro por uma oposição entre “Oriente e Ocidente”, que “se assemelha cada vez mais a dois mares contrapostos”, uma referência ao conflito na Ucrânia, denunciado com insistência por Francisco desde a invasão da Rússia no final de fevereiro. “Brinca-se com fogo, mísseis e bombas, com armas que provocam choro e morte”, acrescentou Francisco, que critica reiteradamente o uso da força e a ameaça nuclear. Francisco, primeiro pontífice a visitar o reino de maioria muçulmana do Golfo, insistiu na importância do “diálogo” e do “papel específico” da religião por ocasião de um encontro de cúpula inter-religioso em Awali. À margem do discurso, o cardeal Pietro Parolin, número dois da Santa Sé, que se reuniu em setembro com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, informou à imprensa sobre “alguns pequenos sinais” de avanço nas negociações com Moscou. “Todas as iniciativas de paz são boas, o importante é que as empreendamos juntos e que não sejam usadas para outros fins”, declarou.
A visita do papa, a segunda à região após sua viagem histórica aos Emirados Árabes Unidos em 2019, acontece no momento em que várias ONGs denunciam a repressão política e discriminações contra a comunidade xiita do país insular de 1,4 milhão de habitantes, governados por uma dinastia sunita. O grande imã de Al Azhar defendeu o diálogo entre xiitas e sunitas, dois ramos do islamismo às vezes em conflito no Oriente Médio. “Faço um apelo aos teólogos muçulmanos de todo o mundo, independente de suas seitas, comunidades e escolas de pensamento, para que se envolvam rapidamente em um diálogo islâmico sério com o objetivo de estabelecer a unidade, a reaproximação e a compreensão mútua”, disse o grande imã em um discurso. Francisco discursará para o “Conselho de Sábios Muçulmanos” na mesquita do Palácio Real, e depois durante uma oração ecumênica na catedral de Nossa Senhora da Arábia, a maior igreja católica da península, inaugurada no final de 2021.
*Com informações da AFP
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.