Pelo menos oito pessoas morreram no Irã nos protestos por morte de mulher detida pela polícia da moral

Masha Amini, de 22 anos, foi presa por ‘trajes inadequados’ e faleceu após ficar em coma por três dias; ao menos 450 pessoas ficaram feridas e quase 500 foram para prisão

  • 21/09/2022 17h43
REUTERS protestos no Irã Manifestantes tomam às ruas do Irã em protesto a morte de jovem de 22 anos

Segundo uma contagem das autoridades iranianas e o balanço de um grupo de direitos humanos, pelos menos oito pessoas já morreram nos protestos no Irã que acontecem pelo quinto dia seguinte. Só nesta quarta-feira, 21, três pessoas foram mortas, incluindo um membro das forças de segurança, e cerca de 450 pessoas ficaram feridas, e quase 500 foram presas, números que não puderam ser verificados de forma independente. As manifestações estão sendo realizada desde sexta-feira, foram desencadeadas quando Masha Amini, de 22 anos, foi dada como morta após ter sido detida pela polícia da moral, responsável por observar o cumprimento do rígido código de vestimenta para as mulheres, por “trajes inadequados”. O caso aconteceu no Teerã. A jovem ficou em coma após sua prisão e morreu três dias depois de ser hospitalizada. Segundo as autoridades iranianas, a jovem morreu por causas naturais, mas ativistas e o Alto Comissariado de Direitos Humanos afirmam que ela foi atingida violentamente na cabeça e jogada contra um veículo da polícia. Os protestos começaram na província do Curdistão do Irã cujo governador, Ismail Zarei Koosha, atribuiu as mortes registradas na terça a “um complô do inimigo”. O líder supremo aiatolá Ali Khamenei não mencionou os protestos – alguns dos piores distúrbios do Irã desde os confrontos de rua no ano passado por falta de água – durante um discurso na quarta-feira comemorando a guerra Irã-Iraque de 1980-88. Os meios estatais iranianos informaram que em 15 cidades, os agentes usaram gás lacrimogênio e fizeram detenções para dispersar multidões de até mil pessoas.

 

Em protesto a morte de Amini, algumas manifestantes desafiaram as autoridades, tiraram seus hijabs e os queimaram ou cortaram em meio à multidão, segundo imagens de vídeo que viralizaram nas redes sociais. “Não ao véu, não ao turbante, sim à liberdade e à igualdade!”, gritaram os manifestantes em Teerã. Os manifestantes também lançaram pedras contra as forças de segurança e incendiaram veículos da polícia, informou a agência de noticias oficial Irna, que reportou concentrações em cidades como Mashhad, Tabriz, Isfahan e Shiraz. O acesso à internet sofreu restrições, segundo o grupo de monitoragem Netblocks. Os protestas geraram uma onda de solidariedade internacional e manifestações de apoio em cidades como Nova York e Istambul. As atitudes das mulheres iranianas foram lembradas pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante a Assembleia Geral da ONU. “Hoje apoiamos os corajosos cidadãos e as corajosas mulheres do Irã que neste momento estão se manifestando para assegurar seus direitos básicos”, declarou. Esses são os protestos de maior alcance no Irã desde os ocorridos em novembro de 2019, contrários ao aumento dos preços dos combustíveis.

Em retaliação aos protesto o Irã restringiu o acesso ao Instagram e WhatsApp da Meta Platforms, duas das últimas redes sociais remanescentes no país. Os servidores do WhatsApp foram interrompidos em vários provedores de internet, horas depois que os serviços do Instagram foram bloqueados, disse o NetBlocks, com sede em Londres. Os dados do grupo mostram uma interrupção quase total do serviço de internet em partes da província do Curdistão, no oeste do Irã, desde segunda-feira, enquanto a capital Teerã e outras partes do país também enfrentaram interrupções desde sexta-feira, quando os protestos começaram. Plataformas de mídia social como TikTok, YouTube, Twitter e Facebook são rotineiramente bloqueadas em partes da República Islâmica, que tem alguns dos controles de internet mais rígidos do mundo. Mas os residentes com experiência em tecnologia contornam as restrições usando redes privadas virtuais (VPNs). A Meta e o Ministério das Relações Exteriores do Irã não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

*Com informações da Reuters e AFP

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