Planeta atinge pela primeira vez média global 2ºC acima da era pré-industrial

No último 17 de novembro, calor global ultrapassou brevemente um limite que os cientistas climáticos alertaram que poderia ter consequências desastrosas

  • Por da Redação
  • 20/11/2023 20h54
EDI SOUSA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Pedestres enfrentam mais um dia de calor na Avenida Paulista, em São Paulo Pedestres enfrentam mais um dia de calor na Avenida Paulista, em São Paulo

No último dia 17, o planeta atingiu um marco alarmante: o calor global ultrapassou brevemente um limite que os cientistas climáticos alertaram que poderia ter consequências desastrosas. Dados preliminares indicam que as temperaturas globais estavam, em média, mais de 2ºC acima da média histórica, que considera o período anterior ao consumo de combustíveis fósseis e ao aumento das emissões de gases de efeito estufa. É importante ressaltar que isso não significa que os esforços para limitar o aquecimento global tenham falhado até o momento. As temperaturas teriam que ultrapassar a marca de 2ºC por meses e anos antes que os cientistas considerassem a batalha perdida. No entanto, o marco é um lembrete impressionante de que o clima está avançando para um território desconhecido.

Isso ocorre após meses de calor recorde, que surpreenderam muitos cientistas e desafiaram algumas expectativas sobre a rapidez com que as temperaturas aumentariam este ano. Zeke Hausfather, cientista climático do Stripe e Berkeley Earth, afirmou que, “embora não devamos tirar muitas conclusões a partir de um único dia acima de 2ºC, é um sinal surpreendente sobre o nível de temperaturas globais extremas que enfrentamos em 2023”. Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, divulgou que as temperaturas globais do dia 17 estavam 1,17°C acima da média de 1991-2020. Levando em consideração o aquecimento causado pelo homem antes desse período, isso significa que a temperatura global foi 2,06°C superior ao período pré-industrial. Essa estimativa é baseada em um modelo europeu que utiliza observações semelhantes às usadas em previsões meteorológicas para estimar as condições climáticas globais quase em tempo real.

Os cientistas já haviam afirmado que era praticamente certo que 2023 ultrapassaria 2016 como o ano mais quente já registrado no mundo e provavelmente seria um dos períodos mais quentes em 125 mil anos, remontando a uma época anterior à última era glacial da Terra. Essa estimativa é baseada em registros paleoclimáticos, que mostram que nunca houve um período prolongado de calor como o que o planeta está experimentando agora, e as temperaturas estão aumentando a uma velocidade sem precedentes. A expectativa é que o aquecimento global se acelere nos próximos meses devido ao aprofundamento do El Niño, fenômeno climático que provoca extremos e aumenta as temperaturas globais ao liberar grandes quantidades de calor do Oceano Pacífico para a atmosfera.

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