Política do Talibã interrompe cooperação de Afeganistão com a ONU

A decisão acontece depois que a missão das Nações Unidas no país expressou ‘preocupação’ com uma lei ratificada recentemente pelas autoridades talibãs, que impõe novas restrições às mulheres

  • Por Marcelo Bamonte
  • 30/08/2024 07h46
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EFE/SAMIULLAH POPAL Patrulha de segurança talibã em Cabul, Afeganistão, 25 de agosto de 2024. Os talibãs do Afeganistão implementaram recentemente novas leis que exigem que as mulheres cubram os seus corpos e rostos em público, alegando que estas medidas são necessárias para promover a virtude e prevenir o vício, conforme relatado pelo Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício. Aprovadas pelo seu líder supremo, Hibatullah Akhundzada, as regras incluem restrições às vozes das mulheres em público, uma proibição de imagens de seres vivos e uma proibição de música e interações mistas. As medidas suscitaram críticas das Nações Unidas (ONU) por promoverem o medo e a intimidação, especialmente entre mulheres e raparigas, à medida que o Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício do Taliban expande o seu controlo sobre a vida pública. A nova lei de 35 artigos, promulgada em 22 de agosto, controla potencialmente todos os aspectos da vida dos afegãos

A polícia da moralidade do Afeganistão, subordinada ao Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício (PVPV), interromperá a cooperação com a missão das Nações Unidas no país, informou um comunicado do governo talibã divulgado nesta sexta-feira (30). “O PVPV deixará de prestar apoio e de cooperar com a UNAMA (sigla em inglês para Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão), que será considerada uma parte contrária”, anunciou o ministério, ao acusar o organismo da ONU de “divulgar propaganda”.

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A decisão acontece depois que a UNAMA expressou “preocupação” com uma lei ratificada recentemente pelas autoridades talibãs, que impõe novas restrições às mulheres. “Queremos que as organizações internacionais, os países e as pessoas que criticaram a lei respeitem os valores religiosos dos muçulmanos e se abstenham de tais críticas e declarações que insultam os valores sagrados do islã“, acrescenta o comunicado. A nova lei de 35 artigos, promulgada em 22 de agosto, controla potencialmente todos os aspectos da vida dos afegãos, tanto sociais como privados, em uma interpretação extremamente rigorosa da sharia, a lei islâmica.

O texto prevê sanções graduais para a violação da lei — que vão de advertências verbais até ameaças, multas e detenções de tempo variável —, impostas pela polícia da moralidade. Em particular, o texto estipula que as mulheres devem cobrir o rosto e o corpo quando saem de casa, além de garantir que suas vozes não sejam ouvidas.

*Com informações da AFP

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