Portugal celebra 50º aniversário da Revolução dos Cravos nesta quinta

A Revolução dos Cravos provocou a queda do regime autoritário do Estado Novo, que governou o país entre 1926 e 1974; agenda oficial incluiu desfiles militares e discursos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa

  • Por Carolina Ferreira
  • 25/04/2024 14h49 - Atualizado em 25/04/2024 16h40
Jose Coelho/EFE/EPA Portugal celebra 50º aniversário da Revolução dos Cravos Milhares se reuniram na manhã desta quinta (25) na Praça do Comércio de Lisboa, onde uma cerimônia militar foi realizada

Portugal celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura do país e marcou a independência de suas colônias na África, nesta quinta-feira (25), com desfiles militares e discursos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa em Lisboa. Milhares se reuniram nesta manhã no Terreiro do Paço, oficialmente conhecida como a Praça do Comércio, onde uma cerimônia militar foi realizada. Lisboa é hoje o epicentro das celebrações que comemoram a queda, há meio século, do regime autoritário do Estado Novo, que governou o país entre 1926 e 1974. O evento foi presidido por Rebelo de Sousa, acompanhado do primeiro-ministro Luís Montenegro, e teve a participação de 1,1 mil soldados das Forças Armadas em um desfile militar acompanhado de fragatas e caças F-16.

O desfile foi encerrado por uma fila de antigas viaturas militares, que partiu na quarta-feira (24) de manhã de Santarém, localizada a 80 km de Lisboa, simulando a marcha realizada por alguns dos capitães há cinquenta anos. No fim do dia, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa receberá os homólogos dos países africanos que conquistaram a independência após a revolução: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. E, como acontece todos os anos, os principais líderes políticos do país discursarão em uma sessão solene no Parlamento. O 50º aniversário é comemorado em um contexto de avanço da extrema direita no país.

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Quando a Revolução dos Cravos provocou a queda do regime autoritário do Estado Novo as tropas portuguesas estavam em combates há 13 anos em Angola e quase uma década em Moçambique e Guiné-Bissau. No dia 25 de abril de 1974, o regime autoritário mais antigo da Europa ocidental caiu em questão de horas, praticamente sem uma gota de sangue derramada, graças ao apoio imediato da população e de jovens suboficiais.

Os jovens suboficiais demoraram quase um ano para preparar a ação de 25 de abril de 1974, que pretendia abrir o caminho para a liberdade, acabar com a guerra e construir a democracia em Portugal. Isso provocou o cancelamento de uma festa num restaurante, onde uma garçonete decidiu distribuir os cravos vermelhos destinados à decoração às pessoas nas ruas e aos soldados. Alguns jovens militares colocaram os cravos nos canos de suas armas, o que transformou a imagem no símbolo da revolução política, econômica e social. Foram sobretudo as imagens registradas naquele dia que transformaram o cravo vermelho no símbolo da Revolução de 25 de Abril, dando uma visão romântica, poética. A revolução foi pacífica.

O regime derrubado em 1974 nasceu com uma ditadura militar instaurada em 1926. Depois de ser nomeado ministro das Finanças, o economista Antonio Salazar liderou o governo entre 1932 e 1968, quando foi substituído pelo professor de Direito Marcelo Caetano. Durante os anos de chumbo, marcados pelo slogan “Deus, pátria, família”, Portugal se tornou “um país pobre, atrasado, analfabeto e isolado do resto do mundo”, explica a historiadora Maria Inácia Rezola.

Após meses de tensões que poderiam ter resultado em uma guerra civil entre as forças pró-comunistas e as correntes favoráveis a uma democracia liberal, o período revolucionário terminou em 25 de novembro de 1975 com uma intervenção militar do general António Ramalho Eanes, que no ano seguinte se tornaria o primeiro presidente democraticamente eleito de Portugal.

Outro personagem crucial do período, o socialista Mario Soares, venceu as primeiras eleições livres com sufrágio universal, organizadas em 25 de abril de 1975 para formar a Assembleia Constituinte que redigiria a atual Carta Magna do país.

*Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais

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