Protesto contra golpe militar em Myanmar tem 18 mortos após repressão da polícia
Atuação dos militares neste domingo tornaram esse o dia mais violento de manifestações desde o dia 1º de fevereiro, quando os políticos eleitos foram derrubados
Pelo menos 18 pessoas foram mortas e 30 ficaram feridas no dia mais letal de protestos contra o golpe militar em Myanmar, após os atos sofrerem repressão da polícia local. Segundo agências internacionais, policiais dispararam contra os manifestantes e também utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que se revoltou com a tomada de poder pelos militares no dia 1º de fevereiro. De acordo com a BBC, pelo menos quatro pessoas foram assassinadas na maior cidade do país asiático, Yangon. Mortes também foram registradas nas cidades de Dawei e Mandalay. Até o momento, há pelo menos 21 mortos desde o dia em que os militares assumiram o poder, segundo informações da Reuters.
Os militares alegam fraude eleitoral nas eleições que aconteceram em novembro de 2020, quando principal partido civil do país, o Liga Nacional para a Democracia, conseguiu 83% dos cargos disponíveis no parlamento. Os eleitos iniciariam as atividades com a nova formação no dia em que o golpe aconteceu. O exército tomou o poder do país depois de prender pelo menos 30 pessoas que atuam como políticos, ativistas, escritores e artistas. A prisão mais notória foi a da conselheira de estado Aung San Suu Kyi que, além de ser líder da Liga Nacional para a Democracia, venceu o Prêmio Nobel da Paz de 1991 por sua luta contra a ditadura militar que perdurou em Myanmar de 1962 a 2011.
Na última sexta-feira, 26, o exército designou uma nova comissão eleitoral que invalidou os resultados das eleições que motivaram o golpe. Os militares garantiram que convocarão novas eleições dentro de um ano, mas a população continua se mobilizando em manifestações que pedem o retorno do antigo governo e a libertação dos presos políticos. Neste mesmo dia, a ONU divulgou um comunicado com uma análise de especialistas, pedindo para os militares restaurarem a democracia do país e defendendo o direito dos cidadãos se expressarem e se manifestarem. “Pedimos aos militares que se abstenham de usar a força contra protestos pacíficos, parem de usar balas contra manifestantes imediatamente e respeitem seu direito ao protesto pacífico”, diz a nota.
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