Opositores do golpe militar em Myanmar são caçados após críticas na internet

Em Yangun, milhares de médicos, estudantes e funcionários do setor privado marcharam, neste sábado, por uma das principais avenidas da cidade

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2021 18h16 - Atualizado em 13/02/2021 18h24
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EFE/EPA/LYNN BO BO A junta que comanda o país suspendeu leis de privacidade, com o objetivo de facilitar prisões; o anúncio coincidiu com o oitavo dia seguido de manifestações nas ruas

Sete apoiadores dos protestos contra a junta militar que deu um golpe de Estado em Myanmar, no início do mês, estão sendo procurados. Eles enfrentam acusações por comentários nas redes sociais que ameaçam a “estabilidade nacional”, segundo informou neste sábado, 13, o Exército. A junta que comanda o país também suspendeu leis de privacidade, com o objetivo de facilitar prisões. O anúncio coincidiu com o oitavo dia seguido de manifestações nas ruas. As leis de privacidade exigiam ordens judiciais para a detenção de pessoas por mais de 24 horas e para buscas em propriedades privadas e vigilância. “As seções 5, 7 e 8 da lei que protegem a privacidade e segurança dos cidadãos estão suspensas”, afirmou um comunicado assinado pelo líder da junta militar, Min Aung Hlaing

Entre os perseguidos estão Min Ko Naing, que foi um dos principais ativistas pró-democracia durante as décadas em que vigorou uma ditadura militar em Mianmar. Também estão sendo procurados “Jimmy” Kyaw Min Yu, também um veterano do levante de 1988, o cantor Htwe Lin Ko, o analista Myo Yan Naung Thein, a apresentadora Maung Maung Aye, e o escritor Insein Aung Soe. Em Yangun, milhares de médicos, estudantes e funcionários do setor privado marcharam, neste sábado, por uma das principais avenidas da cidade. Desobedecendo a proibição de se reunir, muitos usavam as cores da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, que está detida há 12 dias. “Retornaremos ao trabalho somente quando o governo civil da ‘Mãe’ Suu Kyi for restabelecido. Pouco importam as ameaças”, afirmou Wai Yan Phyo, médico de 24 anos.

Moradores se uniram para patrulhar as ruas de Yangun durante a noite, temendo ataques, prisões e crimes comuns. Em diferentes bairros da cidade, grupos de jovens batiam panelas e frigideiras para soar o alarme quando se deparavam com alguém suspeito. Segundo Nada al-Nashif, vice comissária da ONU para os direitos humanos, mais de 350 pessoas, incluindo funcionários, ativistas e monges, foram presos em Myanmar desde o golpe. A jornalista Shwe Yee Win, que havia noticiado a oposição ao golpe na cidade de Pathein, foi levada pela polícia na quinta-feira, 11, segundo seu site de notícias TimeAyeyar.

* Com Estadão Conteúdo

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