Protestos no Chile deixam 11 mortos; Latam cancela voos
Confrontos violentos entre a polícia do Chile e manifestantes ocorreram neste domingo (20) em vários pontos de Santiago. Os protestos, que deixaram 11 pessoas mortas e 1.462 detidas, segundo o Ministério do Interior, ocorreram mesmo após o presidente, Sebastián Piñera, suspender, no sábado (19), o aumento do preço das passagens do metrô, que que havia desencadeado os atos.
Autoridades decretaram toque de recolher pelo segundo dia, em meio ao “estado de emergência”. Apesar do toque e da mobilização de quase 10 mil militares nas ruas, as manifestações continuaram prosseguiram durante a madrugada em Santiago e outras cidades, como Valparaíso e Concepción, que também foram afetadas pela medida que restringe a movimentação.
O balanço oficial do governo informou que já são mais de 60 policiais feridos nos dias de violentos protestos. Já as vítimas morreram queimadas em supermercados ou lojas que foram saqueadas e pegaram fogo. Não se sabe, até o momento, se os incêndios foram propositais.
Voos cancelados
Também no domingo (20), milhares de pessoas ficaram no aeroporto de Santiago, depois que as companhias aéreas anunciaram atrasos e cancelamentos dos voos. A companhia aérea Latam a cancelar todos os voos com origem na capital do país, Santiago. A decisão afeta as partidas marcadas desde às 19 horas de ontem (20) até as 10 horas desta segunda-feira (21). Segundo a empresa, as condições têm afetado a locomoção dos passageiros assim como dos funcionários da companhia.
As decolagens com destino a Santiago também estão sujeitas a alterações ou cancelamentos. O voo que sairia de Guarulhos às 10h45 de hoje para a capital chilena está entre os cancelados. A Latam recomendou aos passageiros que tiverem voos cancelados a não irem ao aeroporto. Aos que tem passagens saindo ou chegando em Santiago, a empresa pede que verifiquem a situação do voo antes de irem ao terminal na página da companhia.
A GRU Airport, concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informou que foi alterada a programação dos voos para chegar ou partir para Santiago e cerca de 990 passageiros podem ter sido prejudicados por conta de cancelamento ou atraso de seis voos previstos para chegarem ou saírem do GRU Airport.
Segunda-feira
De acordo com o general de divisão Javier Iturriaga, encarregado da segurança na Região Metropolitana desde que foi decretado o estado de emergência – e quem habilitou o uso das Forças Armadas para controlar a violência em meio aos protestos -, a capital do Chile acordou “em calma” nesta segunda-feira (21). “Foi um despertar lento da cidade, em calma, em paz, o que nos deixa muito tranquilos. Ao mesmo tempo, estamos muito alertas para solucionar qualquer inconveniente”, disse.
O toque de recolher terminou ás 6 horas (horário de Brasília), mas o metrô reabriu apenas uma das linhas. Serviços especiais de ônibus foram habilitados para que a população pudesse sair para trabalhar. As aulas foram suspensas nos colégios e em muitas universidades para evitar aglomerações devido à pouca circulação de transporte público. O Ministério do Trabalho pediu “flexibilidade” aos empregadores diante de possíveis atrasos dos funcionários.
Entenda os protestos
Aos gritos de “basta de abusos” e com o lema que dominou as redes sociais “#ChileAcordou”, o país enfrenta críticas a um modelo econômico em que o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.
As manifestações não têm um líder definido ou uma lista precisa de demandas. Até o momento, aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
*Com informações das Agências EFE, Estado e Brasil
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