Questões sociais polarizam o último debate presidencial dos EUA

Biden demonstrou mais empatia ao falar das dificuldades enfrentadas pelos negros no país, enquanto Trump criticou o movimento ‘Black Lives Matter’ pela sua hostilidade com os policiais

  • Por Bárbara Ligero
  • 23/10/2020 01h07
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USA TODAY NETWORK - VIA REUTERS Biden acusou Trump de ter feito dos Estados Unidos uma piada no mundo por sua política migratória

Os assuntos que seriam abordados no último debate presidencial dos Estados Unidos, realizado nessa quinta-feira (22), foram divulgados com antecedência pelo comitê responsável pela organização do evento. Dessa forma, tanto o democrata Joe Biden quanto o republicano Donald Trump sabiam que teriam que abordar os seus planos de políticas sociais quando a moderadora Kristen Welker entrasse nos temas “imigração”, “famílias norte-americanas” e “questão racial”.

De um lado do palco, Biden foi taxativo ao afirmar que a política migratória implementada por Trump fazia dos Estados Unidos “uma piada no mundo, uma nação que não pode ser levada a sério”. Ele declarou que uma de suas intenções é abrir caminhos para que os imigrantes obtenham a cidadania norte-americana e acusou o presidente de ter separado pais e filhos na fronteira do país com a finalidade de desincentivar a vinda dessas pessoas. O presidente se defendeu dizendo que muitas desses menores são trazidas por cartéis, não por seus familiares, e que os pais das crianças ainda seriam encontrados. “Agora, nós temos uma fronteira mais forte do que nunca”, retrucou o republicano.

A dinâmica se repetiu quando o assunto era o racismo. Biden demonstrou mais empatia em sua resposta ao exemplificar situações cotidianas em que os negros sofrem preconceito nos Estados Unidos e reconheceu que o “ponteiro” ainda está mais virado para a exclusão do que para a inclusão. Por esse motivo, ele afirmou que pretende promover mais oportunidades aos negros através da educação e de créditos para abrir empresas, além de modificar o sistema prisional para que ele promova mais reabilitação do que punição. Já resposta de Trump conteve mais afirmações pessoais e acusações do que propostas concretas. Ele alegou que entende “como essas pessoas sofrem” e que é “a pessoa menos racista da sala”, em uma tentativa de se aproximar dos eleitores negros. No entanto, ele criticou o movimento Black Lives Matter mencionando um momento em que viu manifestantes sendo hostis aos policiais.

Outro tema que gerou discordância entre os candidatos foi o Obamacare. Enquanto Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama, pretende dar continuidade ao programa, Trump considera que o Obamacare “não é bom” por “socializar” a saúde, o que aumenta os custos para o governo. O candidato à reeleição afirmou que seu governo fez um bom trabalho modificando o programa e dando aos norte-americanos a possibilidade de optarem por serviços privados de saúde se assim desejarem. Biden rebateu dizendo: “a ideia de dizer que existir uma opção pública é o mesmo que tornar socialista é ridículo. Saúde não é privilégio, é um direito”. O democrata pontuou ainda que sua ideia não envolve o fim dos planos de saúde privados.

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