Republicanos tentam eleger presidente da Câmara nesta quarta após impasse inédito em 100 anos

Partido conservador não conseguiu escolher o representando em primeira votação, algo que não acontecia desde 1969; apesar de perder a disputa em três ocasiões, Kevin McCarthy é apontado como favorito para o cargo

  • Por Jovem Pan
  • 04/01/2023 13h55 - Atualizado em 04/01/2023 13h56
  • BlueSky
CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP kevin mccarthy Kevin McCarthy é apontado como favorito para substituir Nancy Pelosi na Câmera dos Representantes

Pela primeira vez em cem anos, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos não elegeu o presidente em primeira votação. Na terça-feira, 3, o congressista republicano Kevin McCarthy, apontado como o favorito para substituir Nancy Pelosi, perdeu, em três ocasiões consecutivas, a eleição para presidir o cargo devido a uma rebelião da linha dura de seu partido. Com 202 votos, o líder da bancada republicana não conseguiu os 218 votos necessários para se tornar o novo presidente da Câmara, apesar de seu partido ter a maioria parlamentar. Isso aconteceu porque 20 republicanos rebeldes votaram no congressista Jim Jordan, de Ohio, em um claro desafio ao seu líder. Por sua vez, o candidato da minoria democrata, Hakeem Jeffries, de Nova York, obteve os 212 votos de seu partido. Os congressistas ultraconservadores criticam McCarthy por não ter negociado com eles uma reforma das regras de debate ou dos nomes para liderar as comissões parlamentares na nova legislatura.

A última vez que um impasse como esse tinha ocorrido foi em 1923, exatamente um século atrás. Na ocasião, o presidente da Câmara foi eleito na nona votação, enquanto em 1869 isso aconteceu apenas após 60 tentativas, em um processo que durou dois meses. O líder da Câmara é a terceira principal autoridade nos Estados Unidos, depois do presidente, Joe Biden, e da vice-presidente, Kamala Harris, que também preside o Senado. Apesar de o impasse ser algo inédito na história recente dos EUA, McCarthy já havia adiantado antes das votações começarem que ele não iria conquistar os 218 votos necessários para assumir a presidência. Em entrevista à imprensa antes da sessão, ele atacou os companheiros de partido que, segundo ele, pensam mais em “cargos para si mesmos do que no país” e alertou que não iria “a lugar nenhum”. Não existe outra alternativa para eleger um representante a não ser pela votação. Então, enquanto ninguém atingir a quantidade necessário, o processo continuará. 

Câmara dos Representantes EUA

Embora os republicanos tenham vencido as eleições para a Câmara em 8 de novembro e possam complicar as coisas para Biden, a vitória dos conservadores foi muito menor do que muitos esperavam. Além disso, os democratas não apenas conseguiram manter a maioria no Senado, como também conquistaram uma nova cadeira. Os republicanos moderados atribuem o desempenho decepcionante à influência do ex-presidente Donald Trump (2017-2021) nas eleições, enquanto a ala dura atribui isso à campanha projetada por McCarthy. Após o fim da sessão, Trump criticou a agitação dentro do Partido Republicano, pelo qual o magnata pretende disputar novamente as eleições presidenciais em 2024. “Há tanta turbulência desnecessária no Partido Republicano”, postou Trump em sua plataforma Truth Social na terça-feira, insistindo em culpar o senador Mitch McConnell pelas divisões, e sem mencionar McCarthy ou o caos da Câmara. A Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos após as eleições de meio de mandato em novembro, deve retomar as votações ao meio-dia (14h de Brasília) e um novo candidato não está descartado.

*Com informações da AFP e EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.