Rússia pressiona Estados Unidos e Irã para retomada de acordo nuclear

Autoridades iranianas afirmam que Estados Unidos devem decidir sobre restabelecimento de resolução até 21 de fevereiro para ‘evitar complicações’; entenda o acordo nuclear

  • Por Jovem Pan
  • 15/02/2021 14h41 - Atualizado em 15/02/2021 14h57
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David Lienemann / Official White House / Divulgação biden e putin Governo russo aconselhou que Estados Unidos retirem sanções contra o Irã

Nesta segunda-feira, 15, a Rússia pediu que os Estados Unidos colaborem e sinalizem disposição para retomar o acordo nuclear com o Irã, suspendendo assim as sanções contra o país islâmico. As autoridades russas também dirigiram-se ao governo iraniano, orientando que ele se contenha para não complicar as negociações com os norte-americanos. A gestão do presidente Joe Biden avalia as maneiras de restaurar o acordo nuclear de 2015, firmado pelo Irã com diversas potências mundiais, e abandonado pelo ex-presidente estadunidense Donald Trump em 2018. Além de cancelar o acordo, o republicano também instaurou sanções contra a nação islâmica. Para retomar as tratativas com a administração Biden, o governo iraniano defende que as sanções devem ser reduzidas antes do acordo nuclear ser restabelecido.

Visando auxiliar nas negociações entre o Irã e os Estados Unidos, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia reiterou a importância da retirada das sanções. “Pedimos que os Estados Unidos expressem vontade política e enviem um sinal ao Irã e outros membros da comunidade internacional alertando sobre sua disposição para voltar ao ‘Plano de Ação Conjunto Global’. Para que isso aconteça, seria importante revogar todas as decisões de sanção que compõem a essência da chamada ‘pressão máxima sobre o Irã’, instaurada durante o governo Trump“, disse Sergei Ryabkov. Segundo o diplomata, caso o país norte-americano demonstre flexibilidade, “complicações” com o Irã podem ser evitadas.

A decisão sobre o acordo deve ser tomada até o dia 21 de fevereiro, como afirmam as autoridades iranianas. De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Irã, os Estados Unidos precisam agir rapidamente para retirar as sanções e retornar ao acordo nuclear. Caso contrário, o país islâmico deve endurecer sua posição nuclear contra a nação estadunidense, ameaçando reduzir significativamente a presença dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no país.

“Plano de Ação Conjunto Global”: Entenda o acordo nuclear

Após cerca de 20 meses de negociações, o acordo nuclear entre o Irã e um grupo de potências internacionais, liderado pelos Estados Unidos, foi estabelecido em julho de 2015. Com ele, o “P5 + 1”, grupo dos cinco membros que compõem o Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, concordou encerrar sanções relacionadas ao programa nuclear iraniano, desde que este fosse desmantelado. Desta forma, o Irã aceitou eliminar 98% de suas reservas de urânio enriquecido, reduzir consideravelmente a quantidade de centrifugadores de gás e concordou não construir usinas especializadas em energia nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) é responsável por fiscalizar o cumprimento dos compromissos firmados pelo país islâmico.

O acordo permite que o Irã continue desenvolvendo seu programa nuclear para fins comerciais, médicos e industriais, tomando como base os padrões internacionais de não proliferação de armas atômicas. No entanto, foram bloqueados os potenciais caminhos para a construção de uma arma nuclear no país. Quando o acordo foi firmado, a nação islâmica estaria há cerca e três meses de desenvolver o material físsio – capaz de suportar uma reação em cadeia de fissão nuclear – para uma arma atômica, segundo informações da inteligência norte-americana. Os Estados Unidos deixaram o acordo em 2018, durante a presidência do republicano Donald Trump.

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