Steve Bannon é considerado culpado por desacato ao Congresso dos EUA

Ultradireitista se recusou a comparecer perante o Congresso nas investigações sobre a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021

  • Por Jovem Pan
  • 22/07/2022 23h24
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EFE/EPA/MARTIN DIVISEK Steve Bannon Steve Bannon era assessor do ex-presidente Donald Trump

O ultradireitista Steve Bannon, que foi assessor do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017-2021), foi considerado culpado nesta sexta-feira, 22, por desacato ao Congresso após se recusar a comparecer perante o comitê que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Bannon, de 68 anos, enfrentava uma acusação criminal desde novembro de 2021 por se recusar a comparecer perante o referido comitê e outra por não querer entregar documentos. Hoje foi considerado culpado por ambas e a condenação pode ser de 30 dias a um ano de prisão, além de multa de até US$ 100 mil, para cada uma delas. A audiência em que a sentença a ser cumprida será anunciada foi marcada para o dia 21 de outubro, segundo informaram vários meios de comunicação americanos. O comitê queria que Bannon testemunhasse por acreditar que ele tinha algum conhecimento prévio do que aconteceria em 6 de janeiro, quando o Congresso tinha em sua agenda a certificação da vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro e Trump havia convocado um protesto perto da Casa Branca.

Bannon conversou com Trump pelo menos duas vezes na véspera do ataque e, em 5 de janeiro, garantiu em seu podcast que no dia seguinte iria se desatar “um inferno”. Embora a princípio tenha tentado se amparar sob o “privilégio executivo”, que protege as comunicações de um presidente com sua equipe, a comissão da Câmara dos Representantes já havia dito em outubro de 2021 que o ex-assessor não estava coberto por essa proteção, pois no momento do ataque não ocupava nenhum cargo público. O julgamento em um tribunal federal do Distrito de Columbia, onde fica Washington, começou nesta semana com a escolha do júri e nesta sexta-feira já ocorreram as deliberações, após a defesa e a acusação apresentarem suas alegações finais. O advogado de Bannon, Evan Corcoran, novamente argumentou que a intimação de seu cliente era ilegítima e politicamente motivada. Corcoran procurou vincular a procuradora, Molly Gaston, a uma das principais testemunhas de acusação, Kristin Amerling, advogada-chefe do comitê de 6 de janeiro, assegurando que há 15 anos elas trabalharam juntos no Congresso e pertenciam ao mesmo clube de leitura.

Outro de seus advogados, David Shoen, assegurou na saída do tribunal que há elementos notáveis ​​para apresentar uma apelação. “É uma pena que a procuradoria e o Departamento de Justiça tenham ido tão longe neste caso. (…) Não cabe ao Congresso decidir se o privilégio executivo é válido. Só um tribunal pode atuar como árbitro”, opinou. Bannon, por sua vez, declarou que só está decepcionado com uma coisa: que os membros da comissão que investiga o ataque ao Capitólio não tiveram coragem de testemunhar neste processo. O veredito é conhecido um dia após a oitava e última sessão, até o próximo mês de setembro, da série de interrogatórios públicos que a comissão iniciou há um mês. O foco de ontem estava nos 187 minutos que se passaram desde que Trump convocou a multidão para se fazer ouvir no Capitólio até que, às 16h17 daquela tarde, postou um vídeo no Twitter onde disse pela primeira vez a seus apoiadores que deveriam deixar a sede do Congresso. O comitê considera comprovado que Trump decidiu não interromper o ataque rapidamente porque lhe convinha e, em vez disso, passou a tarde assistindo a emissora conservadora “Fox News”, ignorando os apelos de seus assessores e familiares para que intercedesse.

*Com informações da EFE

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