Turquia reitera apoio à Ucrânia e anuncia encontro com Putin em agosto

Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, encorajou países a voltarem às negociações de paz e afirmou que ucranianos merecem entrar para a Otan 

  • Por Jovem Pan
  • 08/07/2023 06h30 - Atualizado em 08/07/2023 06h34
HANDOUT / Press Office of the Presidency of Turkey / AFP Volodymyr Zelensky e Volodymyr Zelensky À direita, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan cumprimenta o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Mansão Vahdettin, em Istambul 

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reiterou seu apoio inequívoco a seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta sexta-feira, 7, em Istambul. O chefe do governo encorajou Ucrânia e Rússia a “voltarem às negociações de paz” ao anunciar que receberá o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, em agosto. Na primeira visita de Zelensky à Turquia desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, Erdogan considerou que a Ucrânia “merece” entrar para a Otan, nas vésperas de uma importante cúpula da aliança militar transatlântica, que acontecerá nos dias 11 e 12 de julho na Lituânia.

Zelensky concluiu na Turquia uma ofensiva diplomática que também o levou a Bulgária, República Tcheca e Eslováquia para pressionar pela adesão de seu país à Otan e por um aumento da ajuda militar no conflito que completa 500 dias neste sábado, 8. Segundo o presidente ucraniano, a lentidão no fornecimento de armas atrasou sua contraofensiva e deu tempo para que a Rússia reforçasse suas defesas nos territórios ocupados. Nesse sentido, os Estados Unidos se comprometeram hoje a fornecer a Kiev bombas de fragmentação, um armamento proibido em grande parte do mundo que explode no ar, espalhando grande quantidade de pequenos projéteis sobre uma extensa área. “Uma ajuda militar indispensável, vasta e oportuna”, escreveu Zelensky nas redes sociais.

O presidente ucraniano agradeceu aos Estados Unidos pela adoção de “medidas decisivas” para “aproximar” o seu país “da paz”. “Foi uma decisão difícil”, admitiu o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, que ressaltou que Kiev garantiu, “por escrito”, que minimizaria “os riscos” que esse armamento “representa para os civis”. Já em relação à Otan, Washington jogou um balde de água fria nas pretensões de Kiev de ingressar na aliança e descartou sua incorporação durante a próxima reunião do grupo em Vilnius na semana que vem. A Ucrânia “ainda deve dar mais passos antes da adesão”, disse Sullivan.

Em Istambul, Zelensky teve uma longa conversa com o presidente turco, que mantém o canal aberto tanto com Kiev como com Moscou.  Os dois presidentes trataram do futuro incerto do acordo de exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro que permitiu conter a escalada de preços dos alimentos no mundo.  O acordo, fechado em julho de 2022 com mediação da ONU e da Turquia, vence em 17 de julho e a Rússia já afirmou que não vê nenhum motivo para renová-lo. “Esperamos que o acordo seja estendido”, disse Erdogan, que falará sobre o tema com Putin durante a visita do presidente russo à Turquia em agosto.

Zelensky, por sua vez, destacou que muitas pessoas no mundo contam com os alimentos transportados por este corredor. “Estas vidas não podem depender do humor do presidente da Federação da Rússia”, afirmou. Já o Kremlin informou que acompanharia “muito de perto” a reunião entre Erdogan e Zelensky em Istambul, segundo o porta-voz Dmitry Peskov, que prometeu manter “uma parceria construtiva com Ancara” e agradeceu a Erdogan pelo “papel de mediador”. Por sua vez, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, indicou que há “avanços” na inspeção de várias partes da central nuclear de Zaporizhzhia, no sul de Ucrânia, que está sob controle de tropas russas.

Os funcionários da AIEA visitaram vários lugares, como as piscinas de refrigeração, mas ainda não foram autorizados a supervisionar o telhado, onde a Ucrânia suspeita que os ocupantes russos colocaram artefatos explosivos, indicou Grossi. Contudo, o diretor-geral da AIEA disse que está “bastante convencido” de que obterá a autorização. A usina, controlada pelos russos desde março de 2022, é a maior da Europa e foi alvo de disparos e de cortes de eletricidade em diversas ocasiões, uma situação instável que gera temores de um grande acidente nuclear.

*Com informações da agência AFP

 

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