Ucrânia acusa Rússia de bombardear porto de Odessa apenas um dia após acordo de grãos

Situação pode inviabilizar a operacionalização do pacto firmado, que visava o desbloqueio de exportações dos portos do Mar Negro para evitar escassez alimentar no mundo

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2022 11h47
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Foto de Oleksandr GIMANOV/AFP Grãos armazenados próximos de Odesa Foto de arquivo tirada em 14 de junho de 2022 mostra grãos de trigo em uma instalação de armazenamento em uma fazenda perto de Izmail, na região de Odessa, em meio à invasão russa da Ucrânia

Apenas um dia após Rússia e Ucrânia firmarem um acordo pela liberação de grãos – desbloqueando as exportações dos portos do Mar Negro, fim de evitar escassez alimentar no mundo – as tropas de Vladimir Putin voltaram a bombardear o país vizinho. Segundo autoridades da Ucrânia, mísseis russos atingiram o porto de Odesa no sul do país, neste sábado, 23. O ataque ameaça a continuidade do acordo firmado já que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que o ataque mostrou que Moscou não é confiável para implementar o acordo. Entretanto, a emissora pública Suspilne citou militares ucranianos dizendo que os mísseis não causaram danos significativos, e um ministro do governo disse que os preparativos continuam para reiniciar as exportações de grãos dos portos do Mar Negro do país.

O acordo assinado na sexta-feira por Moscou e Kyiv e mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia foi saudado como um avanço após quase cinco meses de combates punitivos desde que a Rússia invadiu seu vizinho. Internacionalmente, o acordo é visto como crucial para conter a disparada dos preços globais dos alimentos, permitindo que as exportações de grãos sejam embarcadas de portos do Mar Negro, incluindo Odesa. Autoridades da ONU disseram na última sexta esperar que o acordo esteja operacionalizado em algumas semanas e que o ataque a Odesa atraiu forte condenação de Kiev, das Nações Unidas e dos Estados Unidos.

Ao disparar mísseis no porto, o presidente russo, Vladimir Putin, “cuspiu na cara do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e do presidente turco, Recep (Tayyip) Erdogan, que fizeram enormes esforços para chegar a esse acordo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Oleg Nikolenko. Nas redes sociais, Nikolenko criticou afirmou que a culpa sobre uma possível crise alimentar global deverá recair totalmente sobre o país comandado por Vladimir Putin. “Demorou menos de 24 horas para a Rússia lançar um ataque com mísseis no porto de Odesa, quebrando suas promessas e minando seus compromissos perante a Organização das Nações Unidas (ONU) e Türkiye sob o acordo de Istambul. Em caso de não cumprimento, a Rússia assumirá total responsabilidade pela crise alimentar global”, escreveu Nikolenko nas redes sociais. 

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