Venezuela retira seis zeros da própria moeda para tentar lidar com a hiperinflação
Medida não deve mudar valor do dinheiro, mas busca melhorar transações no país; estudos estimam que 76,6% da população esteja em situação de pobreza extrema
A Venezuela colocou em prática nesta sexta-feira, 1º, um plano para cortar seis zeros do valor do bolívar, moeda local, após anos de hiperinflação que fizeram uma garrafa de refrigerante custar até 8 milhões. A justificativa dada pelo governo local foi de que a mudança nos valores será o primeiro passo para diminuir as transações financeiras feitas em dinheiro vivo, modernizar o uso de cartões de débito e transferências online e ajudar os redatores de documentos oficiais a diminuir a quantidade de zeros nos papéis, o que confundia e facilitava o erro por parte deles. “A moeda não vai valer mais ou menos, isso foi feito apenas para facilitar o uso dela em uma escala monetária mais simples”, afirmou um comunicado divulgado pelo Banco Central do país.
Especialistas estimam que a hiperinflação na Venezuela dure mais de 4 anos e esteja em torno dos 5.500%, valor que não é mais publicado pelo Banco Central do país. A maior parte das transações na nação é feita com o dólar e por meio de aplicativos digitais. Com a circulação da moeda estrangeira no país, é comum que em alguns mercados o valor das compras seja disponibilizado em bolívares e em dólares. A medida ocorre dias depois de um estudo da Universidade Católica Andrés Bello mostrar o agravamento da miséria e da pobreza no país no último ano. De acordo com a pesquisa, hoje, 94,5% dos moradores do país são considerados pobres e 76,6% estão em situação de pobreza extrema. Com uma queda de quase ¼ nas vagas de trabalho do país nos últimos sete anos, mais da metade da população não trabalha e há 3,6 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego.
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