‘Não tem corrupção no meu governo’, diz Bolsonaro após PF surpreender vice-líder do governo com dinheiro na cueca

Em conversa com apoiadores nesta manhã, presidente afirmou que ‘não muito raro’ dinheiro público é usado de forma incorreta

  • Por Gabriel Bosa
  • 15/10/2020 13h44 - Atualizado em 15/10/2020 15h39
Alan Santos/PR Presidente afirmou que seu governo é formado por ministros, estatais e bancos oficiais

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou para apoiadores na manhã desta quinta-feira, 15, que não há casos de corrupção no seu governo. A declaração foi dada horas depois do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), então vice-líder do governo no Senado, ser flagrado pela Polícia Federal na noite desta quarta, 14, com R$ 30 mil dentro da cueca. O parlamentar foi destituído da função de representante da gestão federal ainda na manhã de hoje. Ao comentar o caso, o presidente afirmou que o seu governo são “os ministros, estatais e bancos oficiais”, e que a ação da PF em Roraima foi feita em conjunta com a Controladoria Geral da União (CGU). “Essas investigações de ontem são típicas do meu governo. Não tem corrupção no meu governo, e vamos combater a corrupção seja de quem for. Vocês estão [há] quase dois anos sem ouvir falar em corrupção no meu governo”, disse o presidente.

Na quinta-feira da semana passada, 7, Jair Bolsonaro afirmou que acabou com a Lava Jato “porque não tem mais corrupção nesse governo”. Ao interagir com os apoiadores na porta do Palácio do Alvorada, o presidente lamentou os desvios de recursos, e que “não muito raro”, o dinheiro público é usado de forma incorreta. “Alguns acham que toda a corrupção tem a ver com o governo. Nós destinamos dezenas de bilhões de reais para estados e municípios, têm as emendas parlamentares também, e de vez enquanto, não é muito raro, a pessoa faz uma malversão desses recursos.”

Em um vídeo que circula nas redes sociais, o presidente afirma ter “quase uma união estável” com o senador. “É quase uma união estável, hein, Chico”, diz Bolsonaro, em alusão ao período em que os dois foram colegas na Câmara dos Deputados, entre 1991 e 2011. Não foi a única demostração de proximidade entre o presidente e o ex-vice-líder do governo. No dia 25 de agosto, o senador compartilhou um trecho de uma solenidade no Palácio do Planalto, na qual Bolsonaro o homenageia pelo Dia do Soldado.”Pediria que as pessoas que vou citar fiquem de pé. Prezado Chico Rodrigues, aluno de colégio militar”, afirmou o presidente.

O senador foi alvo de investigação que apura indícios de irregularidades em contratações públicas, que teriam gerado o superfaturamento de quase R$ 1 milhões. Segundo a PF, foram  cumpridos sete mandados de busca e apreensão durante a operação, em Boa Vista, que busca a “desarticulação de possível esquema criminoso voltado ao desvio de recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares”. A Controladoria-Geral da União (CGU), que também faz parte da investigação, disse que a operação Desvid-19, realizada em Roraima, apura o “desvio de recursos públicos por meio do direcionamento de licitações”. Ainda segundo a CGU, as contratações suspeitas de irregularidades, realizadas no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde, envolveriam aproximadamente R$ 20 milhões que deveriam ser utilizados no combate ao novo coronavírus.

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