Novo despejo de protestos em Hong Kong termina com 116 presos

  • Por Agencia EFE
  • 26/11/2014 11h08
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Isabel Fueyo.

Hong Kong, 26 nov (EFE).- Milhares de policiais de Hong Kong desalojaram nesta quarta-feira um dos três assentamentos do movimento pró-democracia e prenderam 116 pessoas, entre elas vários de seus líderes, enquanto os manifestantes ameaçam ampliar os protestos.

A operação policial, que se desenrolou durante dois dias, terminou hoje com a retirada de todas as barricadas do bairro de Mong Kok, a área mais conflituosa de Hong Kong desde o início dos protestos, há 60 dias.

Os manifestantes exigem o direito de poderem escolher livremente seus governantes nas eleições de 2017.

Praticamente sem precisar recorrer ao uso excessivo de violência, policiais avançaram na direção dos manifestantes, forçando os ativistas a retroceder pela rua Nathan. Os manifestantes tinham tomado cerca de meio quilômetro da via desde 28 de setembro.

Em menos de três horas, a polícia conseguiu eliminar os obstáculos da rua, limpar seus acessos e restabelecer e liberar o trânsito, enquanto um pequeno grupo de manifestantes se concentrava em uma das intersecções da rua.

Policiais permanecem em diferentes pontos do bairro em alerta diante da possibilidade dos manifestantes tentarem se reagrupar ao longo da noite, após vários ativistas anunciarem esta intenção nas redes sociais.

Após o despejo realizado entre ontem e hoje, a Federação de Estudantes, uma das organizações que lideram as revolta civil, ameaçou ampliar os protestos, até agora limitada à ocupação pacífica das ruas e ao diálogo com as autoridades.

A ação da polícia aconteceu após uma decisão judicial que deu permissão para a retirada de barricadas no bairro de Mong Kok, a pedido de uma organização de taxistas.

Segundo a imprensa local, quatro mil policias participaram do despejo em Mong Kok, que ontem foi palco de enfrentamentos.

Dois líderes dos protestos, os dirigentes estudantis Joshua Wong e Lester Shum, foram detidos nesta manhã durante a operação, acusados de desacato judicial e obstrução ao trabalho de funcionários públicos. A previsão é de que passem a noite na prisão e amanhã sejam colocados à disposição da justiça.

Joshua Wong, que foi capa da revista americana “Time” no início das manifestações, é o líder do movimento estudantil Scholarism, que reúne alunos de ensino médio, e foi o propulsor da apelidada “revolução dos guarda-chuvas” em 28 de setembro, quando tentou invadir gabinetes do governo.

Lester Shum é um dos secretários da Federação de Estudantes de Hong Kong, organização que liderou as conversas com o governo durante os protestos.

Embora os protestos não tenham uma liderança estruturada formalmente, ambas as organizações atuaram como líderes de fato do movimento.

Os manifestantes ainda ocupam uma ampla zona no distrito de Admiralty, aos pés de edifícios governamentais, e uma pequena área no bairro comercial de Causeway Bay.

Até o momento não se sabe se a polícia também irá desalojar os ativistas destes locais.

Uma porta-voz Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, reiterou hoje em Pequim que o governo central apoia o Executivo de Hong Kong, assinalando que o movimento é ilegal e não deveria ser permitido por nenhum governo.

As revoltas civis começaram um mês depois do governo de Pequim divulgar seu plano de reforma eleitoral para Hong Kong, que deixou em mãos de um seleto comitê de 1.200 membros a escolha dos candidatos para as eleições ao executivo local de 2017.

Mais de 100 mil pessoas chegaram a sair às ruas em protesto pelas restrições democráticas impostas para Hong Kong, número que diminuiu ao longo dos meses e que hoje pode ser contado em centenas de ativistas que exigem o sufrágio universal. EFE

ifs/dk

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