Novo Parlamento da Líbia realiza sua 1ª sessão longe da violência da capital

  • Por Agencia EFE
  • 04/08/2014 15h43

Mohammed Abdelkader.

Trípoli, 4 ago (EFE).- O novo Parlamento da Líbia, eleito no último dia 25 de junho, realizou nesta segunda-feira sua primeira sessão oficial na cidade de Tobruk, longe da capital, onde a violência causou a fuga de milhares de pessoas e a saída de várias missões diplomáticas.

Reunidos em um hotel dessa cidade próxima à fronteira com o Egito e rodeados de intensas medidas de segurança, os deputados inauguraram a primeira sessão da nova Assembleia Legislativa, denominada Congresso dos Deputados, após escutar versículos do Corão e cantar o hino nacional, como costuma ser tradicional em vários países de religião muçulmana.

A reunião, realizada dois dias depois que 160 deputados se encontraram em Tobruk em uma “sessão consultiva” na qual estudaram o papel que deve desempenhar o novo Congresso na estabilização do país, foi aberta pelo primeiro vice-presidente do Parlamento anterior, Azeldin al Awami.

Em seu discurso, Awami insistiu na necessidade de manter a unidade da pátria e deixar de lado as diferenças que obstaculizam o avanço à democracia.

Depois de Awami tomou a palavra o presidente do encontro de hoje, o deputado mais idoso, Abu Baker Buira, que advertiu que “o mundo sofrerá” as consequências desta crise e da anarquia na Líbia, se não se alcançar uma solução.

Buira pediu também a todas as milícias para cessar os combates e atuar com “calma e sabedoria”.

Apesar de reconhecer a gravidade da situação, o presidente interino declarou que “a Líbia não é um Estado fracassado como qualificam alguns e muito em breve se transformará, com a permissão de Alá, em um Estado exemplar”.

Paralelamente à sessão de hoje, na qual os legisladores juraram seu cargo, em Trípoli o presidente do antigo Congresso Nacional, o islamita Nouri Abu Sahmin, destacou a necessidade que a próxima reunião aconteça na capital.

Trípoli é palco desde o dia 13 de julho de choques armados entre duas milícias rivais que lutam pelo controle do aeroporto internacional, que custaram a vida de cerca de 200 pessoas e forçaram a fuga de milhares delas.

As milícias da cidade de Misrata, 200 quilômetros ao leste da capital, lançaram a operação Al Fayer (Amanhecer), com a intenção de tomar o controle do aeroporto dos grupos de Zintan, 170 quilômetros ao sudoeste de Trípoli.

A Cruz Vermelha Internacional informou hoje que entre 2 mil e 2,5 mil famílias abandonaram a área dos combates, que acontecem no sul da capital, em direção a outros bairros ou cidades próximas.

Estes choques provocaram um agravamento da situação, deteriorada gravemente desde maio, quando em Benghazi, a segunda cidade mais importante do país, homens fiéis ao general reformado Jalifa Hafter, que não reconhece a autoridade do Parlamento, lançaram uma ofensiva contra várias milícias islamitas e jihadistas.

Perante a cada vez maior tensão e insegurança, vários países começaram nos últimos dias a retirar seus cidadãos e seu pessoal diplomático.

Ontem, por exemplo, cem britânicos saíram do país a bordo de uma fragata da Força Naval do Reino Unido, enquanto continua o êxodo da numerosa comunidade de egípcios através da vizinha Tunísia.

Até ontem, seis mil cidadãos deste país tinham retornado ao Egito em avião graças a uma ponte aérea estabelecida entre a ilha tunisiana de Jerba e Cairo. EFE

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