Obama se prepara para trabalhar com Congresso republicano
Washington, 6 nov (EFE).- Após o golpe sofrido pelos democratas nas eleições de terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se prepara para enfrentar na metade final de seu mandato a oposição de um Congresso dominado pelos republicanos, que já anteciparam sua agenda legislativa.
Ainda com a derrota recente, mas com gestos de boa vontade por parte de republicanos e democratas, Obama terá que definir os próximos passos a seguir em sua política para cumprir seus compromissos e evitar que o país fique estagnado por causa das diferenças com a maioria republicana do legislativo.
“As diferenças não vão desaparecer”, assinalou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, “mas isso não significa que não vão chegar a acordos em assuntos de interesse comum de todos os americanos”.
Obama receberá na sexta-feira na Casa Branca o futuro líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, e o atual presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, junto com vários líderes democratas, para conversar sobre a agenda do atual período legislativo e a do que começará em janeiro.
O presidente pediu ontem à nova liderança do Congresso que lance sua agenda política, após duros anos de obstrução republicana a suas propostas na Câmara dos Representantes e índices de polarização que bateram recordes, e garantiu que “deseja” escutar as ideias de McConnell.
Earnest ressaltou a frustração de Obama e de alguns congressistas pela falta de ação neste período em temas que tinham liderado suas prioridades no segundo mandato, como a reforma migratória, mas assegurou que quer “começar o mais rápido possível” a buscar oportunidades para cooperar e encontrar pontos comuns para “ajudar o país a avançar”.
Em carta publicada no “Wall Street Journal”, os líderes republicanos do novo Congresso anteciparam sua agenda legislativa, em que estabelecem como prioridades a revogação da reforma da saúde de Obama, a modificação da política impositiva, o enfrentamento à ameaça jihadista, a promoção de escolas particulares subvencionadas e a redução da dívida pública.
Os republicanos, que ampliaram a maioria na Câmara dos Representantes e conseguiram sem dificuldade o controle do Senado, pretendem agora aprovar leis barradas pelo Senado quando ainda estava sob a liderança dos democratas.
“Os próximos dois anos serão difíceis para Obama”, previu o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Iowa Steffen Schmidt, que considerou que tanto para o presidente como para os republicanos é “importante e necessário” cooperar em algumas políticas.
“A razão é que os eleitores em 2014 expressaram seu desgosto com a paralisia que existiu durante os últimos quatro anos”, afirmou o analista que, no entanto, assegurou que Obama não permitirá retrocessos na legislação impulsionada pelos democratas.
O analista ressaltou que a reforma da saúde, aprovada quando os democratas controlavam ambas as câmaras, em 2010, e que está no ponto de mira dos republicanos, é o legado legislativo “mais importante” da presidência de Obama e ele “lutará fortemente” para protegê-lo.
Um dos temas mais difíceis que que os partidos terão que enfrentar neste novo período será a reforma migratória, um questão-chave da presidência de Obama e sobre a qual os republicanos nem fazem referência na carta de prioridades.
O líder, que não pôde antecipar sua prometida reforma migratória devido ao bloqueio republicano na Câmara dos Representantes, manteve na quarta-feira, após a derrota eleitoral, seu compromisso de tomar medidas executivas a respeito antes do fim do ano.
Boehner o advertiu hoje que se fizer isso “envenenará o ambiente e não haverá nenhuma possibilidade de a reforma migratória avançar neste Congresso. É simples assim”.
“Não me surpreende que haja assuntos que o presidente considera prioritários que os republicanos não compartilham”, disse Earnest, para logo depois insistir que não se trata de se fixar nas diferenças.
“Temos é que comparar essas duas listas, colocar a agenda do presidente ao lado da dos republicanos e buscar os pontos em comum”, finalizou. EFE
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