Oi espera novo plano de recuperação judicial até primeiro trimestre de 2017

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/12/2016 13h49
Agência Brasil Oi

O diretor financeiro da Oi, Ricardo Malavazi Martins, afirmou nesta segunda-feira, 19, que a companhia espera ter um novo plano de recuperação judicial, com aperfeiçoamentos negociados com os credores, no primeiro trimestre de 2017. A primeira versão foi entregue em setembro deste ano. O executivo também aguarda a divulgação da segunda lista de credores pelo administrador judicial em janeiro.

“Esperamos que no primeiro trimestre a gente consiga formular esse outro plano que possa ser encaminhado à assembleia de credores de forma negociada”, afirmou após apresentação na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec) Rio.

A primeira lista trouxe uma dívida total em torno de R$ 65 bilhões com cerca de 67 mil credores. A nova lista será apresentada pelo administrador judicial que recebeu as habilitações e questionamentos dos credores. Após essa última publicação, os credores ainda poderão questionar os valores dos seus créditos, mas isso será feito diretamente para o juiz responsável pela recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, titular da 7ª Vara Empresarial do Rio.

Segundo o executivo, o foco da companhia em 2017 será justamente a aprovação do plano de recuperação judicial. Ele disse ainda que não existe decisão sobre fatiamento de ativos da companhia, após ser questionado sobre a possibilidade de venda por novos acionistas da empresa.

Sobre o plano de recuperação judicial apresentado por um grupo de credores junto com o empresário egípcio Naguib Sawiris na última sexta-feira, diz que ainda está sendo analisado. Ele afirmou que no Brasil “não é comum” que se apresente um plano alternativo. Pela legislação brasileira, apenas a companhia pode apresentar o que será votado em assembleia de credores.

“Estamos encontrando com vários credores, vou encontrar outro grupo hoje que tem também sugestões. Aquilo será analisado dentro desse conjunto para que a gente possa oferecer alguns aperfeiçoamentos do que foi apresentado até o final do primeiro trimestre”.

Ele afirmou que sugestões têm sido feitas por diversos credores. “Vamos negociar para que saia do outro lado uma Oi sustentável “

Questionado sobre queda de investimentos em relação aos concorrentes, afirmou que foram feitas mudanças na gestão nos últimos dois anos, com mudanças qualitativas que têm efeitos nos resultados da companhia. O grupo de credor que apresentou o plano na sexta-feira estimou que a Oi investiu R$ 14 bilhões a menos que os concorrentes em seis anos.

“Não sei como foi feito esse cálculo. Esse ano temos desempenho dos investimentos muito ligado à gestão, então pegar só uma variável…a Oi é diferente das demais porque o Capex dela é diferente. Obviamente ficou abaixo, mas o que significam esses R$ 14 bilhões? A Oi não está fora dos padrões de mercado em vários itens”, afirmou.

Na apresentação, o executivo afirmou que não houve queda de investimentos pela companhia. O diretor financeiro citou dados do último resultado da Oi, do terceiro trimestre do ano, que mostrou Capex de R$ 3,4 bilhões no acumulado dos nove meses encerrados naquele período, crescimento de 14,3% na comparação com o mesmo período de 2015.

Desafios

O executivo abriu a apresentação comentando que 2016 foi desafiador. Além de ter sofrido os impactos da crise econômica, assim como as suas concorrentes, a empresa entrou em junho deste ano com o pedido de recuperação judicial.

Para Martins, a recuperação judicial contribuiu para mostrar ao mercado que a Oi “operacionalmente tem viabilidade”. O diretor citou que o Ebitda de rotina foi de R$ 552 milhões no terceiro trimestre do ano “mostra que a Oi gera caixa”. O número representa um aumento de 141% ante o período imediatamente anterior, mas queda de 30,1% na comparação anual.

“O processo de recuperação judicial foi fundamental para mostrar a viabilidade da empresa”, disse citando que a companhia teve uma recomposição do caixa no terceiro trimestre, com o não pagamento de dívidas por causa do processo de recuperação. O caixa ficou em R$ 7,1 bilhões, ante R$ 5,1 bilhões ao final do segundo trimestre.

O diretor citou ainda que as mudanças na regulamentação do setor, que foram aprovadas pelo Congresso, atraem investimentos e terão impacto positivo na Oi após a sanção e regulamentação.

A respeito dos impactos da crise econômica, afirmou que o setor de pós-pago está resistindo com a oferta de planos mais adequados, enquanto o B2B sofre mais com os efeitos.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.