OMS admite falta de recursos contra zika, mas nega impacto em Olimpíada
Larvas do Aedes aegypti
(efe) Larvas do Aedes aegyptiA Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONU não tem dinheiro para implementar o plano que desenharam para frear o vírus zika. Dados divulgados nesta segunda-feira pelas entidades apontam que as organizações que deveriam se mobilizar contra a nova doença não contam com os recursos exigidos. De um total de US$ 53,3 milhões solicitados para enfrentar o vírus, as diversas entidades conseguiram levantar pouco mais de 10 % do valor, com apenas US$ 5,7 milhões.
Declarada como uma emergência internacional de saúde pública, o zika obrigou a OMS a se mobilizar para tentar conter a doença, já espalhada por 60 países. Cientistas e até atletas já alertam sobre os riscos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Mas a OMS, que presta assessoria técnica ao Ministério da Saúde do Brasil para enfrentar o vírus, garante que a falta de dinheiro não terá impacto na Olimpíada. “A implementação das orientações da OMS é assegurada por outras fontes de financiamento, incluindo o governo brasileiro, e, portanto, os problemas orçamentários inerentes à ONU terão um impacto limitado sobre o curso dos Jogos Olímpicos”, garantiu a entidade
Ainda que a OMS insista que não existe chance de um adiamento do evento, a realidade é que seu programa de ação está sendo seriamente afetado pela falta de dinheiro.
Em fevereiro, a entidade pediu doações e contribuições de governos no valor de US$ 17,7 milhões. Mas recebeu apenas US$ 2,3 milhões até agora. “Existe uma significativa falta de recursos para a implementação completa da Resposta Estratégica e do Plano de Operação da OMS”, constatou a agência em um documento obtido pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo. Para a região do Pacífico, por exemplo, a previsão era a de destinar US$ 3,8 milhões nos seis primeiros meses do projeto. Mas apenas US$ 600 mil foram enviados.
A Organização Pan-Americana de Saúde havia feito um apelo por US$ 8,1 milhões, também para poder atuar na região mais afetada pelo vírus. Mas recebeu apenas US$ 1,6 milhão para suas ações. Outro parceiro da ONU, AmeriCares, solicitou US$ 4,1 milhão. Mas recebeu apenas US$ 40 mil.
Diversas entidades sofrem com o mesmo problema. Num deles, o UNFPA – entidade das Nações Unidas que lida com populações – a solicitação por US$ 9,6 milhões foi praticamente ignorada. Apenas US$ 250 mil entraram no caixa. O dinheiro foi solicitado para que a entidade atuasse em três frentes diferentes: a distribuição de preservativos, a implementação da campanhas de comunicação e o recrutamento de pessoas treinadas para orientar pacientes. “Infelizmente, a resposta dos doadores foi desapontadora”, disse.
Mesmo na Unicef, o pedido de US$ 13,8 milhões foi atendido em somente US$ 1,7 milhão, deixando um buraco de US$ 12 milhões.
Segundo a OMS, um novo plano será lançado em junho para lidar com o que a entidade chama de “proliferação” cada vez maior da doença. Para a agência, o vírus zika vai continuar a ganhar novos territórios e uma nova estratégia será estabelecida até 2017.
Na esperança de recolher mais recursos, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, criou neste mês um Fundo de Resposta ao Zika. O mecanismo centralizado teria como meta usar de forma mais eficiente o dinheiro que for destinado à doença.
Mas a OMS deixa claro que, por enquanto, as indicações apontam que o zika vírus não desaparecerá. “Nesse ponto e baseado nas evidências disponíveis, a OMS não vê uma queda geral no surto”, indicou a entidade. “A vigilância precisa ser mantida “, insistiu.
“É difícil prever para onde o vírus irá a partir de agora. O mosquito do Aedes aegypti que carrega o vírus tem seu habitat no sul da Europa, na África e no sul dos EUA, e outras espécies de Aedes, inclusive aqueles ativos em latitudes temperadas, poderiam também se tornar vetores”, completou a OMS.
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