OMS apura se houve contaminação em laboratório em caso de BVDV junto com zika

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/07/2016 11h56
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Cynthia Goldsmith / CDC Imagem de microscópio eletrônico do vírus da zika (pontos pretos) em tecido humano

A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende a “plena investigação” sobre a possibilidade de uma ação conjunta do vírus bovino BVDV e do vírus zika, mas alerta que o primeiro passo é garantir que não houve contaminação do laboratório que identificou a descoberta. Pesquisadores brasileiros encontraram, em amostras de fetos com microcefalia provocada por zika, traços de um outro vírus, o BVDV, um agente que, até hoje, se imaginava afetar rebanhos animais, como os bovinos. 

Os indícios, embora ainda tenham de ser comprovados com testes mais específicos, foram considerados relevantes pelos cientistas Por precaução, eles comunicaram ao Ministério da Saúde antes mesmo da publicação do trabalho em revista científica, após reunião de emergência feita na semana passada. 

Dias depois, o governo brasileiro comunicou a Organização sobre o caso, que passou a investigar também a informação, “isso é muito interessante”, disse Bruce Aylward, diretor do Departamento de Epidemias da OMS, em entrevista à imprensa internacional em Genebra, na Suíça, “muitos estudos precisarão ser feito agora”.

Contudo, antes que um processo mais amplo seja lançado, Aylward insiste que precisa ser descartado o risco de que a descoberta seja apenas uma contaminação. O diretor indicou que nunca houve uma evidência de que o BVDV estivesse presente em humanos, o que levantou dúvidas sobre a descoberta, “nunca foi encontrado em humanos. Portanto, a primeira coisa que precisamos saber é se foi, de fato, encontrado ou se é uma contaminação. Existe uma possibilidade real de contaminação”, admitiu Aylward, concluindo que “um dos problemas que temos com a nova tecnologia é que elas são muito sensíveis. Se um laboratório está fazendo algo a mais, é muito fácil que haja uma contaminação. Basta um traço daquele vírus e a tecnologia amplifica em milhões de vezes. São instrumentos muito poderosos, mas precisam estar extremamente limpos.”

Aylward não descarta ainda que possa haver contaminação na manipulação ou coleta das amostras, “sabemos que são laboratórios de alta qualidade, mas sempre precisamos olhar para isso”, referiu.

A OMS deixa claro que não está descartando a possibilidade e que está tratando a hipótese com “toda seriedade”, pois “não é implausível que haja um cofator para a microcefalia”, repetiu o perito, “ainda não sabemos por que temos tantos casos de microcefalia em um lugar e não em outro afetado por zika. Portanto, encontrar uma pista nova é sempre importante.”

“Vamos precisar de investigações de laboratório, clínica e epidemiológica. Pode levar algum tempo para termos uma resposta”, disse o diretor, “temos de investigar plenamente. Esse vírus nunca foi encontrado em humanos e foi muito procurado no passado. Mas podemos estar errados.”

Além de garantir que não houve contaminação, a entidade quer caracterizar o vírus para saber exatamente o que foi encontrado. Além disso, vai buscar detalhes sobre como mulheres poderiam ter tido contato com eles. 

A pesquisa foi feita por integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelo Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (IPESQ). Diante das suspeitas, uma série de medidas foi adotada, entre elas a comunicação à agência mundial.

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