Otan não vê indícios de retirada de tropas russas da fronteira com Ucrânia
Bruxelas, 19 mai (EFE).- O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta segunda-feira que “não há nenhuma evidência” de que as tropas russas desdobradas junto à fronteira da Ucrânia tenham começado a se retirar, apesar do anúncio de Moscou.
“Não vimos nenhuma evidência de que os russos tenham começado a retirar tropas da fronteira ucraniana”, disse Rasmussen, acrescentando que esta é a terceira declaração de Vladimir Putin (presidente da Rússia) sobre a retirada”.
O secretário-geral aliado argumentou que uma retirada dos soldados russos “seria a primeira contribuição importante para diminuir a tensão”.
“Se algum dia constatarmos evidências claras de uma retirada significativa russa das fronteiras seria o primeiro a comemorar, pois seria um passo no caminho correto”, afirmou Rasmussen em entrevista coletiva em Bruxelas (Bélgica).
Hoje, o Kremlin pediu para que Kiev interrompa imediatamente a “operação de castigo” contra milícias separatistas pró-Rússia no sudeste ucraniano e retire suas tropas da região.
Além disso, afirmou que ordenou o retorno aos quartéis de suas próprias forças desdobradas na fronteira com a Ucrânia.
Rasmussen disse que a “agressão” da Rússia na Ucrânia gerou uma “nova situação de segurança na Europa, menos previsível e mais perigosa”, o que “tem implicações agora e no futuro” para a Otan.
O secretário-geral esclareceu que a Aliança decidiu, em função da causa da crise russo-ucraniana, ter “mais aviões no ar, mais navios no mar e mais exercícios em terra”.
Rasmussen deu como exemplo manobras na Estônia, nas quais participam cerca de seis mil soldados da Otan, que tinham sido planejadas “muito antes da crise” mas que são “um bom exemplo da preparação de nossas tropas”.
“Todas estas medidas são completamente defensivas e em linha com os compromissos da Otan. E seguiremos fazendo o necessário o tempo que for necessário” para garantir a defsa de cada um dos aliados, justificou.
Para Rasmussen, “não há dúvida de que Rússia está profundamente envolvida na desestabilização do leste da Ucrânia” e, levando em conta suas ações militares e a anexação da península da Crimeia, “as preocupações dos aliados não são exageradas e devem ser levadas a sério”.
Para o secretário-geral, a ação da Rússia na Ucrânia “desafia o direito de um país de escolher seu próprio caminho”. Rasmussen deixou claro que qualquer tentativa de atrasar as eleições presidenciais previstas para domingo na Ucrânia “será uma tentativa de negar ao povo esse direito”.
O secretário aliado também se referiu à Moldávia e à Geórgia, países que estão perto de assinar acordos de associação com a União Europeia (UE), e opinou que, por “experiência”, “vimos a Rússia pôr muita pressão em países vizinhos que se aproximam da UE em busca de progresso”, tal como foi o caso da Ucrânia.
“Minha avaliação é que ocorrerá o mesmo se a Moldávia e Geórgia finalizaram os acordos com a UE”, inclusive com a alta de preços do gás ou a restrição do abastecimento, previu. EFE
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