Papa Francisco canoniza Madre Teresa diante de 100 mil pessoas no Vaticano
Nascida em uma família albanesa, no que hoje é a Macedônia, Madre Teresa fundou as Missionárias da Caridade em 1950, com 12 seguidores em Kolkata, Índia. Atualmente, a ordem percorre hospitais, asilos, abrigos e outros serviços em mais de 139 países.
Madre Teresa recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979. Em 1997, 18 meses após a sua morte, o Papa João Paulo II iniciou o processo de canonização, sendo beatificada em 2003.
A canonização de Madre Teresa ocorre um dia antes do 19º aniversário de sua morte, 5 de setembro, e entrará no calendário da Igreja Católica.
“Modelo de santidade”
O papa Francisco elogiou neste domingo, durante a canonização de Madre Teresa de Calcutá, seu trabalho “em defesa da vida humana”, garantindo que ela fez “sentir sua voz aos poderosos da terra para que reconhecessem suas culpas diante dos crimes da pobreza criado por eles mesmos”.
Na homilia da cerimônia de canonização celebrada na Praça de São Pedro diante de 100 mil fiéis, o papa disse que Madre Teresa ao longo de sua vida esteve “à disposição de todos por meio da recepção e a defesa da vida humana”.
Francisco elogiou a religiosa, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1979, sua luta contra o aborto e recordou que sempre dizia que “quem ainda não nasceu é o mais frágil”.
E lembrou como “se inclinou sobre as pessoas fracas, que morrem abandonadas à beira das ruas, reconhecendo a dignidade que Deus lhe deu”.
Mas também “fez sentir sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem suas culpas perante os crimes de pobreza criado por eles mesmos”, manifestou.
Madre Teresa de Calcutá ao lado de criança na Polônia: “talvez não falo seu idioma, mas posso sorrir” (EFE/Tomasz Gzell)
Francisco quis que Madre Teresa fosse canonizada no Jubileu da Misericórdia que o instituiu e explicou hoje que para a religiosa, a misericórdia foi “o sal que deu sabor a cada uma de suas obras, e que a luz que iluminava as trevas dos que não tinham nem sequer lágrimas para chorar sua pobreza e sofrimento”.
“Sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece até hoje como testemunho eloquente da proximidade de Deus aos mais pobres entre os pobres”, afirmou.
Francisco explicou que a figura de Madre Teresa será a santa de “todos os voluntariados” e pediu que ela fosse considerada o “modelo de santidade”.
O pontífice afirmou a chamará “com dificuldade de Santa Teresa” porque “Sua Santidade foi tão próxima a nós, tão suave e espontânea que vai continuar a ser chamada de mãe, Madre Teresa”.
Praça São Pedro lotada durante canonização de Madre Teresa de Calcutá no Vaticano (EFE/EPA/ANGELO CARCONI)
“Que esta incansável trabalhadora da misericórdia nos ajude a compreender cada vez mais que nosso único critério de ação é o amor livre, livre de toda ideologia e de todo vínculo e derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião”, defendeu.
Lembrou que Madre Teresa de Calcutá amava dizer: “Talvez não falo seu idioma, mas posso sorrir”; e convidou a levar “no coração seu sorriso”.
“Abriremos assim horizontes de alegria e esperança a toda essa humanidade desanimada e necessitada de compreensão e ternura”, concluiu Francisco.
Relíquia
Uma relíquia da Madre Teresa de Calcutá, proclamada santa neste domingo, foi colocada perto do altar da entrada da Praça de São Pedro, onde o papa Francisco celebrou sua canonização diante de mais de 100 mil fiéis.
A relíquia foi levada ao altar logo após que o papa Francisco proclamou a freira, que no ano de 1979 conquistou o prêmio Nobel da Paz, como santa.
Padre beija relicário de Madre Teresa (EFE/EPA/ANGELO CARCONI)
O relicário feito de madeira trazida de várias partes do mundo, tem forma de cruz contém um frasco com o sangue de Madre Teresa e foi levado ao altar por duas irmãs das Missionárias da Caridade, congregação fundada pela religiosa.
Incrustada na cruz onde está com frasco com forma de gota representa o “Tenho sede” que disse Jesus na Cruz e serviu de inspiração para Madre Teresa em “dar de beber” aos necessitados.
A relíquia de Madre Teresa de Calcutá pôde ser venerada desde sexta-feira nas igrejas de Roma.
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