Papa pede que fiéis levem Cristo a todos os extremos da Terra

Cidade do Vaticano, 19 abr (EFE).- O papa Francisco presidiu neste sábado a solene Vigília Pascal, uma das liturgias mais antigas da Igreja Católica, na qual batizou a dez pessoas de diferentes países e na qual, durante sua homilia, convidou aos fiéis a levar “o fogo” de Cristo a todos os extremos da Terra.

“É necessário voltar a ver Jesus ressuscitado e se transformar em testemunha de sua ressurreição. Não é um voltar atrás, não é uma nostalgia. É retornar ao primeiro amor para receber o fogo que Jesus acendeu no mundo e levá-lo a todos os extremos da terra”, explicou.

Além disso, o papa pediu aos congregados a voltar à “Galileia” para renovar, assim, sua fé mediante a lembrança do sacrifício de Cristo.

Neste sentido, o papa ressaltou que retornar à Galileia – renovar a fé – “tem um significado lindo” porque significa “tirar energias novas da raiz de nossa fé e de nossa experiência cristã”.

A Vigília Pascal, na qual a cristandade vela pela passagem de Cristo da morte à ressurreição, foi iniciada em uma Basílica de São Pedro completamente na penumbra, enquanto do lado de fora começava uma forte tempestade.

O rito se divide em três partes fundamentais: a celebração do fogo, a Liturgia da Palavra e a Liturgia Batismal.

Por pedido do pontífice, o início dessa solene e sugestiva cerimônia foi antecipado para as 20h30 locais (15h30 de Brasília) e começou com a tradicional bênção do fogo e a preparação do Círio Pascal.

O primeiro rito começou quando o pontífice realizou com uma punção uma incisão sobre o Círio Pascal, gravando uma cruz, a primeira e a última letra do alfabeto grego – alfa e ômega – e os números do ano 2014.

O ritual aconteceu no átrio do templo enquanto pronunciava em latim um antigo pregão que dizia “Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ômega. A Ele pertence o tempo e os séculos, a Ele a glória e o poder por muitos e muitos séculos”.

Em seguida, o diácono acendeu o Círio e o levou em uma procissão que pelo interior de uma basílica ensombreada, seguido pelo próprio pontífice, que levava outra vela, e por membros do clero, vestidos completamente de branco.

A procissão terminou com o canto do “Exultet” no altar das Confissões, sob o baldaquino barroco do templo, e com ela se encerrou a celebração do fogo para dar passagem à conhecida como Liturgia da Palavra.

Para a realização do rito, foi lida uma passagem do Gênesis em francês, uma freira continuou lendo o Êxodo em espanhol e um jovem leu em inglês uma passagem do livro do profeta Ezequiel.

Em seguida e após a leitura de uma passagem do Evangelho Segundo São Mateus, Bergoglio pronunciou sua homilia, que foi sucedida pela celebração da Liturgia Batismal.

Para proceder com a imposição do sacramento, o diácono mergulhou o Círio Pascual na água da pia batismal pela qual passaram os dez catecúmenos – pessoas que se instruem para abraçar o Catolicismo – que hoje receberam o batismo por parte do pontífice.

Assim, o papa derramou a água benta sobre a cabeça dessas dez pessoas, oito homens e duas mulheres, das quais cinco eram italianos e os outros procediam do Líbano, Bielorússia, França, Senegal e Vietnã.

O mais jovem foi Jacopo Capezzuoli, de sete anos, que foi batizado junto com seu irmão Giorgio, de dez.

O mais velho foi Tuan Tran, um vietnamita de 58 anos que, após o rito, assumiu o nome cristão de Mateo (Matthew).

Durante a cerimônia, na qual se congregaram 5 mil fiéis, os sinos da basílica romperam seu silêncio depois dos quarenta dias de Quaresma para celebrar a Páscoa, enquanto, no interior, se cantava o hino “Glória”.

Após três horas, o pontífice saiu da basílica vaticana apoiado em seu cajado e recebido pelo aplauso da multidão de fiéis.

Amanhã pela manhã, a Praça de São Pedro se enfeitará para receber a cerimônia do Domingo da Ressurreição, que põe fim à Semana Santa, a segunda de Bergoglio no Trono do Apóstolo Pedro.

Nela, o pontífice lerá sua Mensagem Pascoal e, ao meio-dia e desde o saguão central do templo, realizará a tradicional bênção “Urbi et Orbi”. EFE

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