Polícia egípcia usa violência sexual indiscriminadamente

  • Por Agencia EFE
  • 19/05/2015 10h03
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Cairo, 19 mai (EFE).- As forças de segurança egípcias utilizam a violência sexual contra os detidos, em ataques a “grande escala” e que têm como marca a impunidade, denunciou nesta terça-feira a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH).

Em um relatório, a FIDH assegura que estes casos aumentaram durante o regime de Abdul Fatah al Sisi, que está à frente do Egito desde que depôs em um golpe militar em julho de 2013 o então presidente islamita Mohammed Mursi.

A polícia, os serviços secretos e os militares cometem violações, ataques sexuais, os chamados “teste de virgindade” e eletrocussão de genitais, entre outros crimes, segundo as entrevistas realizadas com vítimas, advogados e ONG.

“A violência sexual durante as detenções, as similitudes nos métodos utilizados e a impunidade generalizada da qual gozam os autores, apontam a uma estratégia política cínica destinada a reprimir a sociedade civil e silenciar toda a oposição”, afirma o presidente da FIDH, Karim Lahidji.

O texto aponta que a violência sexual é empregada “indiscriminadamente” contra todos os detidos, incluídos opositores, trabalhadores de ONGs, estudantes, mulheres e aqueles percebidos como perigosos para a moral pública, que é o caso dos homossexuais.

Este tipo de violência é perpetrada “em grande escala” pelas forças de segurança do Estado.

Além disso, a violência sexual é “amplamente tolerada”, segundo a FIDH, que denuncia que nem os uniformizados e nem os civis que cometem estes crimes costumam responder perante a justiça.

Uma ativista de uma ONG egípcia vítima destes abusos explicou no relatório que durante sua detenção separaram as mulheres jovens, que foram revistadas viradas para parede, acossadas sexualmente e insultadas.

“Tratei de retirar a mão de um dos membros da Segurança Central das minhas calças, mas me bateram com suas armas até que já não pude resistir”, narra.

Em outro testemunho recolhido no relatório, uma estudante -detida em novembro de 2013 na delegacia de Qasr al Nil- conta como foi fechada em uma cela do porão onde havia dois homens de cuecas que se jogaram sobre ela.

As mulheres são o principal alvo dos abusos das forças de segurança e as primeiras vítimas da polarização política que ocorreu após a derrocada de Mursi, sofrendo ataques de ambos os grupos.

Centrando-se nas manifestantes, a FIDH assinala que a violência sexual contra elas pretende afastar as mulheres da vida política.

O relatório também indica que a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) foi vítima de uma campanha de detenções maciças e sofre com a violência sexual desde outubro de 2013.

A FIDH pede ao governo egípcio para colocar fim imediatamente a estes crimes, cometidos por pessoas sob sua autoridade, e a investigar todas as denúncias, castigar seus autores e acabar com a impunidade. EFE

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