Alckmin critica Selic, mas diz que não há oposição do governo ao Banco Central
Presidente em exercício e ministro do MDIC disse que preocupação é com a questão fiscal
O presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, criticou, nesta quinta-feira 22, a manutenção da taxa de juros Selic, mas disse que “não há oposição” por parte do governo federal ao Banco Central ou ao Conselho Político Monetário Nacional (Copom). “Não há oposição do governo ao Banco Central, nem ao Copom. Agora, a crítica é importante. Qualquer instituição pública pode ser criticada”, disse em entrevista à imprensa no início da noite. “A manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida que inibe investimento, dificulta o comércio, prejudica a indústria, o setor do agro, mas tem impacto que é do ponto de vista fiscal, porque quase metade da dívida pública brasileira é ‘selicada'”, argumentou.
Nesta quarta-feira 21, o Copom manteve a Selic em 13,75%, pela quarta vez consecutiva. Segundo Alckmin, a elevação é “desnecessária” e explicou que cada um ponto percentual da taxa Selic custa R$ 38 bilhões. Em razão disso, segundo o presidente em exercício, a questão fiscal fica mais prejudicada com o aumento da taxa de juros. “Se você tem Selic 5% acima do que deveria estar, isso custa praticamente R$190 bilhões. Você fazendo economia de R$ 1 bilhão, meio bilhão, acaba gastando quase R$200 bilhões a mais em razão de ter uma taxa Selic nessa altura”, disse. “Se a preocupação é fiscal é com a dívida, não há nada pior do ponto de vista fiscal do que isso”, criticou.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também comentou a decisão do Copom e afirmou que o anúncio foi mais um comunicado “ruim”. “Comunicado como de hábito, né? É o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. Às vezes corrige na ata mas não alivia a situação”, disse o ministro durante coletiva de imprensa em Paris, onde acompanha agenda oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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