Aliados de Moro miram ex-bolsonaristas para turbinar candidatura em 2022

Integrantes do Podemos acreditam que o ex-juiz da Lava Jato vai concentrar os votos de eleitores que rejeitam o PT, votaram no presidente Jair Bolsonaro em 2018, mas estão insatisfeitos com a atual gestão

  • Por André Siqueira
  • 12/11/2021 15h14 - Atualizado em 12/11/2021 15h16
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo Presidente e ministro lado a lado em evento público Em seu discurso de filiação, Moro disse que teve seu trabalho 'boicotado' pelo governo Bolsonaro

Aliados de Sergio Moro apostam que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública irá concentrar os votos de eleitores que rejeitam o PT, votaram no presidente Jair Bolsonaro em 2018, mas estão desapontados com a atual administração do país. Na quarta-feira, 10, o ex-juiz da Operação Lava Jato se filiou ao Podemos e fez críticas ao atual chefe do Executivo federal e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso, o pré-candidato à Presidência afirmou que deixou o governo porque teve o seu trabalho “boicotado”, uma vez que “foi quebrada a promessa” de que o combate à corrupção seria uma das prioridades da gestão. “Chega de Petrolão, chega de Mensalão, chega de rachadinha, chega de Orçamento secreto”, disse em outro momento.

Três integrantes do Podemos ouvidos pela Jovem Pan avaliam que a entrada de Moro na disputa congestiona a terceira via – neste momento, aparecem como postulantes ao Palácio do Planalto os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Simone Tebet (MDB-MS), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Por outro lado, citam a presença dos deputados federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) e dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Carlos Alberto Santos Cruz (Segov) no ato de filiação como uma sinalização de que a candidatura tem espaço para crescer entre eleitores da centro-direita, movimentos políticos, como é o caso do MBL, ao qual Kataguiri pertence, e entre militares que embarcaram na campanha de Jair Bolsonaro e que hoje fazem oposição.

Em contrapartida, entusiastas da campanha admitem que Moro terá dificuldade para construir uma base de apoio no Legislativo, em razão da chamada criminalização da política e de sua relação umbilical com a Operação Lava Jato. “O discurso do combate à corrupção incomoda muita gente e, por isso, acredito que ele teria dificuldade na composição político-partidária. Ele teria poucos partidos o apoiando”, disse Joice Hasselmann em entrevista à Jovem Pan. Crítico ferrenho da Lava Jato, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou seu perfil no Twitter para criticar o que chamou de “politização da persecução penal”. “Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”, escreveu. A publicação foi feita um dia depois de Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa, pedir exoneração do Ministério Público Federal (MPF).

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