Anvisa pede proteção policial a diretores após ameaças e solicita investigação da PGR
Ataques nas redes sociais ocorreram após agência autorizar aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos; ofício também foi enviado à PF e ao GSI
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou, neste domingo, 19, ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido para investigar novas ameaças a diretores e servidores do órgão. O ofício também foi enviado ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ao diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino, e ao superintendente da PF no Distrito Federal, Vitor Cesar Carvalho dos Santos. O documento afirma que os ataques ocorreram depois que a agência reguladora aprovou, na quinta-feira, 16, a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos de idade.
“A Anvisa informa que, em face das ameaças de violência recebidas e intensificadas de forma crescente nas últimas 24 horas, foram expedidos neste domingo (19/12) ofícios reiterando os pedidos de proteção policial aos membros da agência. Tais solicitações já haviam sido feitas no último mês de novembro quando a agência recebeu as primeiras ameaças. O crescimento das ameaças faz com que novas investigações sejam necessárias para identificar os autores e apurar responsabilidades. A agência está dando ciência dessas atividades criminosas as seguintes autoridades: ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional; ministro da Justiça; procurador-Geral da República; diretor-geral da Polícia Federal; superintendente regional da Polícia Federal no Distrito Federal. Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil. Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas”, diz trecho da nota divulgada na tarde deste domingo, 19.
No documento de três páginas encaminhado a Augusto Aras, a Anvisa cita que o presidente Jair Bolsonaro declarou publicamente, em sua live semanal da quinta-feira, 16, que pediria acesso ao nome dos profissionais responsáveis pela autorização da imunização do público infantil. Horas depois, a agência divulgou uma nota repudiando a declaração do chefe do Executivo federal. As ameaças aos diretores e servidores do órgão, segundo o ofício, foram feitas após este episódio. “Na data de ontem, 18 de dezembro de 2021, sábado, os diretores e os servidores da Anvisa que participaram do aludido Comunicado Público do dia 17 último foram surpreendidos com publicações nas mídias sociais na internet de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica da agência, conforme documentos anexos. Esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos Diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”, diz um trecho da manifestação.
A Anvisa pede a Aras a “adoção das medidas necessárias para apuração criminal dos referidos atos praticados e conhecidos ontem, sábado, dia 18/12/2021, contra os diretores e servidores da Anvisa e, além disso, reitera-se com urgência o pedido de proteção policial aos citados agentes públicos e suas famílias a fim de salvaguardar a sua integridade física e psicológica diante da gravidade da situação enfrentada”.
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