‘Não existe recuperação econômica sem controle da pandemia’, diz Pedro Hallal; veja como foi

Além do epidemiologista, comissão ouviu Jurema Werneck, representante do Movimento Alerta ; de acordo com os especialistas, isolamento social poderia ter evitado 120 mil mortes

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2021 10h00 - Atualizado em 24/06/2021 18h08
Reprodução/Alessandro Dantas/PT no Senado e Agência Senado Montagem feita com foto de homem e mulher Epidemiologista e representante da Anistia Internacional Brasil serão ouvidos nesta quinta-feira, 24

A CPI da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira, 24, o pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e epidemiologista Pedro Hallal e a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, Jurema Werneck. A audiência pública estava prevista para a sexta-feira, 25, mas foi antecipada em um dia. O depoimento de Filipe Martins, assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, estava marcado para esta quinta, mas foi adiado. Hallal e Werneck foram convidados a pedido do relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Aos senadores, eles devem falar sobre a importância das medidas não farmacológicas no enfrentamento da crise sanitária e dados coletados sobre mortes causadas pela pandemia.

Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), governista, comentou as suspeitas sobre irregularidades no contrato de compra da Covaxin. O processo de aquisição do imunizante indiano está na mira da comissão – nesta sexta-feira, 25, os senadores vão ouvir o deputado Luís Miranda e seu irmão, Luís Ricardo Mirando, servidor do Ministério da Saúde que afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que sofreu “pressão anormal” para agilizar a importação da vacina. Rogério afirmou que é uma prerrogativa do Ministério da Saúde decidir sobre a manutenção ou não deste contrato. “É uma decisão do Ministério da Saúde se se justifica manter esse contrato. Não foi entregue nenhuma dose, não foi feito pagamento, mas há contrato feito, há empenho que garante a aquisição. Havendo necessidade, interesse público na finalização desse contrato, que se faça. Se a vacina está disponível para a entrega imediata, o Brasil não pode abrir mão de vacina. É isso o que temos debatido o tempo todo no âmbito da CPI. Os mesmos que pregaram isso há pouco tempo atrás, parecem mudar de discurso porque acham conveniente acusar o governo”, disse. Acompanhe a cobertura ao vivo da Jovem Pan:

17:39 – Randolfe encerra a sessão 

O vice-presidente da CPI da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), encerrou os trabalhos desta quinta-feira. Amanhã, os senadores vão ouvir, a partir das 14h, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde que disse, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), ter sofrido uma “pressão anormal” para agilizar a compra da vacina Covaxin.

17:09 – STF suspende convocação de governadores à CPI da Covid-19 

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, na tarde desta quinta-feira, 24, para suspender a convocação de governadores à CPI da Covid-19. Os ministros analisam a decisão da ministra Rosa Weber no plenário virtual da Corte. Até o momento, além de Weber, liberaram os gestores estaduais do comparecimento obrigatório à comissão os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Leia a reportagem da Jovem Pan. 

16:30 – ‘Dizer que 16 milhões de pessoas foram salvas com uma medicação não é verdade’, diz senadora governista

Aliada do governo Bolsonaro no Congresso, a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) rebateu a declaração do senador Luis Carlos Heinze de que mais de 16 milhões de pessoas infectadas com a Covid-19 se recuperaram em razão do uso de medicamentos do “kit Covid”. “Dizer que todos esses que foram salvos, foram salvos com essa medicação, não é verdade. Isso estimula a automedicação”, disse. A senadora alertou para o risco de a população acreditar que há “uma receita de bolo” capaz de curar a população e acrescentou que “nem o ministro Queiroga” recomenda alguns dos medicamentos citados anteriormente por Heinze.

16:00 – ‘Estamos comemorando que 16 milhões de pessoas ficaram doentes. Não entendo essa lógica’, diz Hallal

Depois de o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) afirmar que mais de 16 milhões de pessoas infectadas com a Covid-19 foram salvas em razão do chamado “tratamento precoce”, o epidemiologista Pedro Hallal recorreu a uma metáfora futebolística para afirmar que a estatística não faz sentido. “Senador, quando o senhor fala das vidas salvas, a nomenclatura, a numeração das vidas salvas, devo admitir que sempre fico com a sensação de que estamos comemorando o gol do Brasil contra a Alemanha. Foi 7 a 1 o jogo e estamos comemorando que 16 milhões de pessoas ficaram doentes. Não consigo entender essa lógica”, disse.

15:25 – Hallal: ‘Não existe recuperação econômica sem controle da pandemia’

Pedro Hallal disse que o Brasil deveria ter adotado medidas mais restritivas de curta duração, para evitar a disseminação do coronavírus. “Em muitos momentos foi dito que precisávamos nos preocupar com desemprego, economia e saúde pública. Isso é baseado na falsa premissa de que existe competição entre saúde e economia. Experiências anteriores mostram que não existe recuperação econômica sem controle da pandemia. Se o Brasil tivesse adotado medidas mais restritivas de curta duração, o Brasil teria situação sanitária e econômica muito melhor do que o modelo que adotamos, que é de medidas flexíveis e de longa duração”, explicou.

15:16 – ‘Presidente da República consegue estar errado em 100% das vezes’, diz Hallal 

O epidemiologista Pedro Hallal disse que os especialistas não são contra o governo, mas contra as teses defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro. “O presidente da República consegue estar errado em 100% das vezes. Essa fala é de um colega. Não quer dizer que todos os especialistas são contra o governo. Mas entendemos que a condução da pandemia no Brasil é um fracasso. É a nossa opinião científica”, afirmou.

14:25 – Deputado convidado pela CPI da Covid-19 pede prisão de Onyx Lorenzoni e Elcio Franco

O deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) encaminhou, nesta quinta-feira, 24, um ofício ao presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), para requerer a prisão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e do assessor especial da Casa Civil, Elcio Franco. O parlamentar e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor concursado do Ministério da Saúde, serão ouvidos pela comissão nesta sexta-feira, 25. Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), o funcionário da pasta disse ter sofrido “pressão anormal” para agilizar a compra da vacina Covaxin. Em pronunciamento, na noite da quarta-feira, Lorenzoni anunciou que o presidente Jair Bolsonaro determinou que a Polícia Federal (PF) investigue a conduta dos irmãos. Leia a reportagem da Jovem Pan.

13:41 – ‘Não é o momento de desobrigar o uso de máscaras’, diz Hallal

Pedro Hallal disse que “não é o momento de desobrigar o uso de máscaras”. Para justificar a afirmação, o epidemiologista citou o fato de o Brasil ter vacinado menos de 12% de sua população com as duas doses. Em países onde o uso de máscaras não é obrigatório, como os Estados Unidos, por exemplo, mais de 40% das pessoas foram imunizadas. O especialista também disse que escreveu um texto, nesta semana, no qual diz ter “inveja” dos países nos quais a proteção não é mais necessária.

13:00 – Hallal: Não há estudo científico que comprove existência de supernotificação de óbitos 

O epidemiologista Pedro Hallal disse, respondendo a questionamento feito pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não há nenhum estudo científico que comprove a existência de supernotificação de óbitos causados pela Covid-19. O especialista acrescentou que as evidências apontam, na verdade, para uma subnotificação de aproximadamente 12%, o que elevaria o número oficial de mortes para cerca de 600 mil vítimas.

12:42 – Brasil precisa de lockdown severo de três semanas para ‘colocar números no chão’, diz epidemiologista

Pedro Hallal afirmou que o Brasil precisa adotar duas medidas para “colocar os números no chão” – segundo boletim divulgado na quarta-feira, 23, pelo Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), o país registrou 115.228 novos casos, um recorde desde o início da pandemia, e 2.392 mortes. De acordo com o epidemiologista, além de uma aplicação de 1,5 milhão de doses diárias de vacinas contra a Covid-19, seria necessário adotar um lockdown de três semanas para frear a circulação do vírus. “O Brasil precisa parar, integralmente, por três semanas”, disse.

12:31 – Pedro Hallal: ‘Principais sinais do negacionismo foram propagados pelo presidente da República’

O epidemiologista Pedro Hallal disse que, apesar de o Brasil ter tido quatro ministros da Saúde, “a principal personalidade responsável por propagar mensagens anticiência foi diretamente o presidente da República”. “Os senadores defendem ações do governo federal e do Ministério da saúde, mas não existe como defender a promoção de aglomeração sem máscaras e uma série de posturas adotadas pelo presidente da República. A postura do presidente, como líder maior da nação, é a pior de todas as posturas que observamos durante a pandemia”, acrescentou.

12:23 – ‘Ministério da Saúde falhou terrivelmente’, diz Jurema Werneck

Questionada pelo relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a responsabilidade do Ministério da Saúde em evitar mortes causadas pela pandemia, a pesquisadora Jurema Werneck afirmou que a pasta “falhou terrivalmente”. “Ao não colocar em prática, ao não mover o SUS com o potencial de liderança, de indutor do sistema, ao não fazer previsões necessárias e investimentos necessários, não há dúvida de que o Ministério da Saúde falhou terrivelmente. Poderia ter sido diferente. Segue falhando”, disse.

11:57 – ‘O que me espanta é o governo brasileiro não reavaliar sua conduta e ainda discutir hidroxicloroquina’, afirma Hallal

No depoimento do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), a Suécia foi citada um país que seria exemplo no enfrentamento à pandemia. No país europeu, no início da crise sanitária, o governo não adotou medidas restritivas, mas a estratégia foi alterada. Nesta quinta-feira, 24, o epidemiologista citou o caso sueco e fez uma comparação com o Brasil. “É aceitável a Suécia cometer um equívoco e reavaliar. O que me espanta é o governo brasileiro não reavaliar [a sua conduta] e ainda discutir hidroxicloroquina”, disse.

11:49 – Compra célere de vacinas poderia ter evitado 95 mil mortes, diz Pedro Hallal

Pedro Hallal citou um estudo, segundo o qual, caso o governo do presidente Jair Bolsonaro tivesse comprado as vacinas da Pfizer e da CoronaVac na primeira oferta feita, 95 mil mortes poderiam ter sido evitadas. Atualmente, o Brasil registrou mais de 507 mil óbitos.

11:43 – Epidemiologista lista ‘sete pecados’ do Brasil no combate à pandemia

O epidemiologista Pedro Hallal listou “sete pecados” do Brasil no enfrentamento à crise sanitária causada pela Covid-19. De acordo com o especialistas, são estes: pouca testagem da população, rastreamento de contato e isolamento, demora na compra de vacinas e desestímulo à vacinação, promoção de tratamentos comprovadamente ineficazes, falta de liderança do Ministério da Saúde, desestímulo ao uso de máscaras, uso de uma abordagem clínica contra a visão epidemiológica e a falta de comunicação unificada.

11:24 – Slide sobre contágio de negros e indígenas foi retirado de apresentação que seria feita no Palácio do Planalto

O epidemiologista Pedro Hallal afirmou que um slide apresentado à CPI da Covid-19 nesta quinta-feira, 24, foi retirado de uma apresentação que seria feita em um evento no Palácio do Planalto. “Este slide foi censurado na coletiva de imprensa do Palácio do Planalto na qual apresentei os dados”, disse. “Fui informado pela assessoria de comunicação que o slide tinha sido retirado da apresentação. Fui comunicado 15 minutos antes”, acrescentou. Hallal também relatou que, semanas depois desta apresentação, o Ministério da Saúde decidir interromper o EPICOVID-19, pesquisa que tinha o objetivo de estimar o percentual de brasileiros infectados com o coronavírus por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfica.

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11:17 – Pedro Hallal: Brasil concentra 13% das mortes por Covid-19 

Pedro Hallal também citou o fato de o Brasil possuir 2,7% da população mundial, mas concentrar 13% de todas as mortes causadas pela Covid-19, para afirmar que, mesmo após um ano e meio do início da crise sanitária, a pandemia está fora de controle. “Ontem, uma a cada três pessoas que morreram por Covid-19 no mundo moram no Brasil. Ou seja, 33% das mortes por Covid-19 ocorreram num país que tem 2,7% da população mundial”.

11:13 – Pedro Hallal: ‘É lamentável a afirmação de que o Brasil é o quarto país que mais vacina’

O epidemiologista Pedro Hallal iniciou sua exposição inicial explicando a importância de utilizar números relativos para estabelecer comparações estatísticas. Com base nisso, ele rebateu a afirmação de que o Brasil é o quarto país que mais vacina no mundo – este argumento é utilizado pelo governo Bolsonaro. “É lamentável essa afirmação ser feita. Em números relativos, o Brasil não está entre os 70 que mais vacinam. Assim como não é verdade que o Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo. É o nono ou oitavo país”, explicou.

10:56 – ‘Medidas de isolamento poderiam ter evitado 120 mil mortes’, diz Jurema Werneck

Na conclusão de sua exposição, Jurema Werneck mostrou que se medidas de isolamento tivessem sido adotadas, haveria uma redução de 40% no potencial de transmissão da Covid-19. De acordo com a pesquisadora, coordenadora do Movimento Alerta, isso teria evitado a morte de 120 mil pessoas. Até o momento, o Brasil registrou mais de 507 mil óbitos causados pela doença.

10:49 – ‘Pandemia produziu 305 mil mortes acima do esperado no Brasil’, diz Jurema Werneck

A pesquisadora Jurema Werneck afirmou, em sua fala inicial, que, em um ano, a pandemia produziu 305 mil mortes acima do esperado no Brasil. Ela exibiu um gráfico que analisou 52 semanas desde o início da crise sanitária e comparou o número de óbitos que ocorrem anualmente no país com as causadas pela Covid-19. “São casos de Covid-19, mortes causadas diretamente pela Covid-19 e mortes causadas indiretamente pela presença da pandemia. Ou seja, pessoas que retardaram a busca de ajuda ou buscaram ajuda e o serviço [de saúde] estava sobrecarregado”, explicou.

10:39 – Jurema Werneck inicia sua exposição inicial 

Após cerca de 40 minutos de discussões entre os senadores, o senador Omar Aziz (PSD-AM) passou a palavra para Jurema Werneck, representante do Movimento Alerta. Ele terá 15 minutos para sua exposição inicial.

10:14 – Renan Calheiros pede que CPI marque depoimento de Onyx Lorenzoni 

O relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), pediu ao presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), que seja marcado o depoimento do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. Em pronunciamento, na noite da quarta-feira, 23, Lorenzoni disse que a Polícia Federal vai investigar o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde que relatou ao Ministério Público Federal (MPF) ter sofrido “pressão anormal” para agilizar a compra da vacina Covaxin. De acordo com o emedebista, o ministro do governo está coagindo testemunhas. Se ele reincidir, declarou Calheiros, ele pedirá a sua prisão. “Quero expressar a minha mais completa repugnância pela bravata do Onyx Lorenzoni, com despudorada coação de duas testemunhas e desta CPI. Além de uma intromissão indevida de uma investigação de outro Poder, ele comete um crime. É um caso clássico de coação de testemunha e de dificuldade ao avanço da investigação. Não podemos submeter esta CPI, uma instituição da República, expressão do Parlamento, que investiga se era possível evitar parte destas mais de 507 mil vidas perdidas, entendo e peço a Vossa Excelência que possamos avaliar este requerimento hoje mesmo”, disse. “Se esse cidadão continuar a reincidir, não temos outra coisa a fazer senão requisitar a prisão dele”, acrescentou.

10:00 – Omar Aziz abre a sessão 

O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), deu início aos trabalhos da quinta-feira, 24. Serão ouvidos Pedro Hallal e Jurema Werneck.

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