Após confusão com lobista, CPI faz reunião secreta e vai ouvir ex-secretário de Saúde do DF

Segundo relatou à Jovem Pan uma fonte que acompanha as tratativas, documentos que envolvem a atuação de Marconny Faria ‘no submundo das negociatas’ estão sendo exibidos aos senadores

  • Por André Siqueira
  • 02/09/2021 12h27 - Atualizado em 02/09/2021 12h44
Leopoldo Silva/Agência Senado Senadores conversam com a imprensa Cúpula da CPI da Covid-19 concede coletiva para falar sobre trabalhos da comissão

Enquanto a Polícia Legislativa do Senado tenta localizar o lobista Marconny Albernaz Faria, os senadores da CPI da Covid-19 realizam, na manhã desta quinta-feira, 2, uma reunião secreta para definir os próximos passos da comissão. Faria é suspeito de trabalhar para beneficiar a Precisa Medicamentos em negócios de compra de vacinas e testes junto ao Ministério da Saúde. Paralelamente, ficou definido que os parlamentares vão ouvir, ainda hoje, o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho, que foi preso no âmbito da Operação Falso Negativo, que mirou o superfaturamento de testes.

Segundo relatou à Jovem Pan uma fonte que acompanha a reunião secreta, a cúpula da CPI da Covid-19 está exibindo documentos e áudios que envolvem a atuação de Marconny Faria e que estão em segredo de Justiça. A ideia é mostrar aos demais membros da comissão de que maneira o lobista atuou “no submundo das negociatas” para que, desta forma, definam, de forma conjunta, os próximos passos a serem adotados. Quando a sessão desta quinta-feira for retomada, os senadores devem votar o requerimento que pede a prisão preventiva de Faria. Antes da suspensão da reunião, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que os parlamentares têm “informações de que ele [Marconny] quer sair do país”.

A presença de Marconny Faria virou alvo de uma batalha judicial. Nesta quarta-feira, 1º, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao depoente o direito de permanecer em silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo, mas decidiu que sua presença era obrigatória. O depoimento estava marcado para as 9h30, mas ele não compareceu. Em razão disso, Omar Aziz determinou que a Polícia Legislativa do Senado tentasse localizá-lo. Em paralelo, a Advocacia da Casa entrou no STF com um pedido de condução coercitiva do lobista. Em petição enviada à Corte, o advogado William de Araújo Falcomer, que representa Faria, pediu que Cármen Lúcia reconhecesse a condição de investigado de seu cliente e que, caso ele fosse obrigado a comparecer ao Senado, os senadores da CPI da Covid-19 fossem impedidos de “dar continuidade ao interrogatório, ou continuar consignando perguntas, uma vez que tal conduta ensejaria a prática do delito previsto na Lei nº. 13.869”, que versa sobre abuso de autoridade.

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