Bolsonaro fala em ‘viés de esquerda da maioria dos ministros do STF’ e critica ‘ativismo judicial’ da Corte
Presidente defendeu acesso ao porte e posse de arma de fogo pelos ‘cidadãos de bem’, criticou condenação de Daniel Silveira e voltou a defender o voto impresso
O presidente Jair Bolsonaro (PL) enxerga que há um “viés de esquerda” na maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação aconteceu nesta segunda-feira, 8, em entrevista ao ‘Flow Podcast’, durante comentário a respeito da posse e porte de armas. Ao mencionar os decretos que ampliaram o acesso dos “cidadãos de bens” ao armamento, o mandatário afirmou que as portarias só não foram derrubadas pela Suprema Corte porque um dos ministros pediu vistas, suspendendo a análise do caso por tempo indeterminado e mantendo os decretos em vigor. “Arma de fogo se faz presente. Por que o Supremo não derrubou? Porque um ministro pediu vistas e não tem prazo para entregar. Sabemos o viés de esquerda na maioria dos ministros do Supremo, porque são favoráveis ao desarmamento, mas não abrem mão de segurança armada e carro blindado”, disse Bolsonaro. O pedido de vistas foi feito por Kássio Nunes Marques, que foi indicado por Bolsonaro, em setembro do ano passado. De acordo com o presidente, o Brasil quase dobrou o número de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) desde 2019, chegando a quase 700 mil registros.
Na sequência, o presidente também continuou as críticas ao STF, falando em ativismo judicial e interferência em outros poderes. O caso do deputado federal Daniel Silveira, condenado a nove anos de prisão por ataques à democracia, foi citado como exemplo de ações legislativas dos ministros. Na visão de Bolsonaro, embora não condene muitos comentários do parlamentar, não poderia um ministro decidir investigar e punir o deputado. “Não pode legislar, não pode prender o cara, ele ficou preso nove meses aproximadamente”, disse o presidente. Durante a entrevista, o presidente também falou sobre temas como legalização da maconha, se posicionando de forma contrária; aborto; PPI da Petrobras; congelamento da alíquota do ICMS; a facada de 2018; urnas eletrônicas e processo eleitoral e também voltou a defender o voto impresso nas eleições de 2022 para ter mais transparência. “Se o Lula está na frente, ganhando no primeiro turno, por que não aceitar essa outra camada de transparência? Para evitar que alguém derrote o Lula na fraude? Suspeito, não? Acho que dá para negociar [voto impresso em 2022] com as Forças Armadas junto com o TSE. […] Não estou tom medo de perder a eleição. Meu nome é perder a democracia em uma eleição”, disse o mandatário.
Em outro momento, o presidente também defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19 e falou sobre as vacinas, negando possível omissão na compra dos imunizantes: “Eu lia a bula da Pfizer”, iniciou Bolsonaro. “Ninguém é contra vacina, tomei um monte de vacina na minha vida. Essa vacina é experimental. Se quem tá fabricando não se responsabiliza, que efeitos colaterais são? Aí lancei aquela do Jacaré, pelo amor de Deus, era uma figura de linguagem. O mundo caiu na minha cabeça”, acrescentou. Ao ser questionado sobre a sua influência nos brasileiros, Bolsonaro afirmou que comprou 500 milhões de doses de vacina, mas que não obrigou ninguém a tomar. “Quem se contaminou está melhor imunizado do que quem tomou vacina. […] Não é que a minha palavra está valendo, eles [antivacinas] foram ler a bula. Agnaldo Timóteo estava vacinado? Morreu do que? Tarcísio Meira estava vacinado. Morreu do que? Tenho que falar a verdade. Não quer votar em mim? Fazer o que”, mencionou. Candidato à reeleição pelo Partido Liberal, Bolsonaro afirmou que “ficou em cima do muro” a respeito das vacinas contra a Covid-19 e do uso precoce de cloroquina e defendeu que a população deveria “ler a bula” e tomar sua decisão. “Nunca falei que tinha [comprovação científica], mas nunca falei que não tinha. Tem que ter a liberdade”.
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